Para cumprir a redução de 1% na emissão de gases de efeito estufa do gás natural prevista pela lei do Combustível do Futuro (lei nº 14.993/2024), a Petrobras deve precisar de um volume de 700 mil m³ de biometano (ou de certificados de origem do biogás) por dia em 2026, primeiro ano em que o mandato deverá ser atendido. “E daí em diante deve crescer este valor”, diz o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da companhia, Mauricio Tolmasquim.
Este volume corresponde apenas ao necessário para que a Petrobras atenda à legislação. Segundo Tolmasquim, “dependendo do preço” a estatal poderá comprar mais biometano para descarbonizar suas próprias atividades, para além do atendimento ao mandato.
A Petrobras lançou sua primeira chamada pública para a aquisição de biometano nesta segunda-feira, 6 de janeiro. A companhia também receberá ofertas apenas para os certificados de origem, para possibilitar o fornecimento de produtores que não tenham condições logísticas de entregar a molécula nos pontos solicitados pela Petrobras.
“A oferta para este setor é muito pulverizada. Somos grandes e estamos acostumados a trabalhar com parceiros grandes, [mas] o biometano é pulverizado. Esse é um dos desafios que a gente tem”, explicou Tolmasquim.
Segundo a própria companhia, o volume orçado na chamada pública pode ser até quatro vezes maior que atual produção de biometano do país. Dados do CIbiogás apontam que, em 2022, o volume total de biogás produzido no Brasil foi de 3,46 bilhões de nm³. O processo de transformação do biogás em biometano envolve perdas volumétricas, já que o biometano é extraído a partir da purificação do biogás.
Petrobras pode produzir biometano, mas ainda assim precisará de terceiros
A Petrobras também poderá se tornar produtora de biometano e já está em conversas com eventuais parceiros, disse Tolmasquim. Mesmo assim, a estatal deverá precisar de supridores externos, em função de sua demanda expressiva.
“Nós colocaríamos um Capex [investimento] nosso para construir usinas. A Petrobras estaria nos dois lados, da demanda e da oferta com essas plantas que vamos colocar. Mas vamos demandar biometano de terceiros porque certamente não teremos plantas o suficiente para atender a demanda [da própria Petrobras] então precisamos fazer essa chamada”, explicou.
Ele voltou a explicar que o objetivo da Petrobras com a chamada pública lançada nesta semana é mapear o mercado de biometano diante da proximidade da obrigação de cumprimento do mandato pelo Combustível do Futuro.
“Dado que 2026 é logo ali, o objetivo é mapear o mercado porque hoje não se tem muita ideia sobre oferta, potencial oferta, preços, quem está interessado. Cria uma insegurança. Há uma demanda que foi definida, mas a oferta não tem visibilidade. A ideia dessa chamada é ter uma visibilidade dessa oferta”, disse.