A AES Brasil realizou a sua última teleconferência de resultados nesta quinta-feira, 31 de outubro. A empresa fez um balanço dos projetos entregues, levando à ampliação de portfólio e geração disponível, mas também dos impactos do curtailment sobre os resultados do terceiro trimestre de 2024.
“A jornada foi marcada por desafios e conquistas, e nos orgulhamos do que construímos juntos. Fico satisfeito em poder pontuar nesse call o avanço significativo que tivemos na disponibilidade dos nossos ativos eólicos e a conclusão do ciclo de crescimento que iniciamos em 2017, com a entrada em operação comercial da segunda etapa do Complexo Eólico Cajuína”, disse Rogério Jorge, que liderou a AES Brasil nos últimos 16 meses, encerrando a teleconferência
Em 14 de outubro, os conselhos de administração da AES e da Auren confirmaram que todas as condições suspensivas foram satisfeitas ou dispensadas quando aplicadas. Na mesma data, as empresas comunicaram que o valor final da transação foi ajustado – conforme os termos de acordo de combinação -, resultando em R$ 11,84 por ação, com uma relação de troca em torno de R$ 0,75.
A partir do dia 5 de novembro de 2024, as novas ações da Auren, que serão creditadas aos acionistas que optarem pela opção 1 ou pela opção 2, estarão disponíveis nos estratos. O pagamento do valor de resgate, que corresponde à parte em dinheiro prevista nas opções escolhidas, está programado para ocorrer em 8 de novembro.
Resultados
A companhia reportou prejuízo de R$ 73,6 milhões de julho a setembro. Segundo José Ricardo Simão, diretor Vice-Presidente e de Relações com Investidores da empresa, entre os motivos para os valores apresentados na comparação com o mesmo período de 2023, está um Ebitda de R$ 44 milhões menor, principalmente impactado pela restrição de geração.
Também foi destacado pelo executivo o montante de R$ 4 milhões de impacto negativo na receita financeira e aumento da despesa em R$ 47 milhões. Os valores de depreciação e amortização aumentaram R$ 36 milhões na comparação com o mesmo trimestre de 2023, dado que a companhia tem uma base maior de ativos que sofrem a depreciação.
“À medida que Tucano e Cajuína entraram em operação comercial, a capacidade da companhia de mobilizar os juros é cada vez menor, e os juros passam pelo resultado, então a gente tem aí um aumento na despesa financeira”, explicou Simão.
O Ebitda (lucro antes de impostos, juros, amortização) foi de R$ 375,5 milhões no terceiro trimestre de 2024, queda de 12,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
A receita operacional líquida atingiu R$ 1.102,4 no período, alta de 21,3% na comparação com o terceiro trimestre de 2023.
Portfólio AES
O complexo Eólico Cajuína, localizado no Rio Grande do Norte, possui uma capacidade instalada de 684 MW divididas em duas fases, ambas contratadas por PPAs de longo prazo. Cajuína 1, com 314 MW, está totalmente operacional desde o último trimestre de 2023, e Cajuína 2, com 370 MW, está 100% operacional, desde o segundo trimestre deste ano.
O ativo possui contrato de operação e manutenção completo com o fornecedor dos equipamentos, garantindo disponibilidade mínima de 98%. O que ficar abaixo desse nível será ressarcido pelo fornecedor.
No caso do complexo eólico Tucano, com 322 MW de capacidade instalada na Bahia, a construção foi concluída e todos os 52 aerogeradores do complexo estão em operação comercial, suprindo energia para o Unipar e Anglo American por meio de contratos de longo prazo (duração média: 17,4 anos).
Rogério Jorge destacou que todas as questões enfrentadas durante os desafios na construção e comissionamento dos aerogeradores foram resolvidas e a companhia trabalhou em conjunto com o fornecedor para concluir o processo de retrofit das 23 máquinas necessárias em julho.
Disponibilidade e geração
No terceiro trimestre a empresa alcançou uma disponibilidade média de 93%, um aumento de 5 pontos porcentuais. Considerando a Safra dos Ventos, a velocidade média ponderada pela capacidade dos parques, atingiu 9 m/s no terceiro trimestre, representando um aumento de 4% em relação ao mesmo período do ano anterior.
“No entanto, olhando para o acumulado do ano, ainda percebemos os efeitos da safra ruim de ventos do primeiro trimestre deste ano. A velocidade média dos ventos foi 2% inferior ao mesmo período de 2023, atingindo 7,6 m/s agora em 2024. A geração do trimestre foi 26% maior que o terceiro trimestre de 2023 e 23% maior no acumulado do ano”, destacou Rogério Jorge.
Mesmo com a maior disponibilidade e geração, a empresa passou por uma intensificação do curtailment registrado em portfólio eólico. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), a empresa somou 379 GWh no trimestre, em comparação com apenas 99 GWh no terceiro trimestre de 2023, com destaque para a restrição de 169 GWh em Cajuína.
No acumulado do ano, o volume de restrição atingiu 488 GWh contra 125 GWh no mesmo período de 2023, sendo 43% desse volume registrado apenas em Cajuína.
Essa nova metodologia aumenta a confiabilidade do sistema interligado e permite uma distribuição mais equilibrada dessas restrições, evitando que se concentre em um grupo específico de geradores ou em alguma região. Em nossa abordagem, resultou uma queda significativa na restrição a partir da segunda metade de setembro, especialmente no complexo cajuíno.
Nos primeiros 16 dias de setembro, 53% da geração potencial do complexo eólico de Cajuína, no Rio Grande do Norte, foi impactada por restrições. No entanto, o volume de restrição caiu para 4% durante a segunda quinzena de setembro, fazendo com que a geração do complexo aumentasse 96% entre os períodos.
A partir de 17 de setembro o ONS mudou a metodologia de curtailment, para uma forma agrupada, e iniciando pelos estados do Ceará e Rio Grande do Norte.
Considerando o portfólio eólico como um todo, as restrições foram de 26% na primeira quinzena de setembro e diminuíram para 14% na segunda quinzena, atingindo 11% na primeira quinzena de outubro.