Cortes

Curtailment deve afetar resultados de elétricas no 2º tri

Foto: ThinkSotck
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Os cortes deliberados da geração de energia em empreendimentos das fontes eólica e solar fotovoltaica devem continuar pesando sobre os resultados das empresas no segundo trimestre deste ano, segundo projeções de grandes bancos acessadas pela MegaWhat.

O chamado curtailment acontece quando o Operador Nacional de Energia Elétrica (ONS) determina a interrupção da geração desses empreendimentos por razões não relacionadas às usinas, como impossibilidade de alocação da geração na carga, indisponibilidade da rede de transmissão ou atendimento a requisitos de confiabilidade elétrica.

As normas estabelecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determinam que os geradores devem assumir os custos dos cortes causados na maior parte das vezes, exceto quando são relacionados à indisponibilidade externa, mas há franquias de horas que limitam o período em que os custos podem ser alocados aos consumidores por meio de encargo setorial.

As hidrelétricas, por sua vez, devem ter um bom segundo trimestre, segundo o BTG Pactual. Os analistas João Pimentel, Gisele Gushiken e Maria Resende escreveram que, apesar da frustração das chuvas no período, os reservatórios ainda estão em níveis confortáveis.

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“No entanto, o destaque do trimestre deve ficar com resultados mistos das eólicas, já que a velocidade dos ventos melhorou na maior parte das usinas, mas alguns players foram afetados pelo curtailment”, escreveram os analistas do BTG.

Em relatório, os analistas do Santander André Sampaio e Guilherme Lima também apontaram que as restrições de geração devem afetar negativamente os números das geradoras renováveis no trimestre que terminou em junho, ao mesmo tempo em que as distribuidoras devem ter melhora nos resultados por conta do aumento do consumo de energia elétrica no período.

Para o Itaú BBA, os cortes deliberados na geração devem pressionar os números das renováveis do Nordeste, mas os efeitos devem ser menores do que os vistos no segundo semestre de 2023, quando o ONS reduziu os limites de exportação de energia do Nordeste ao Sudeste após o apagão de agosto, numa operação mais conservadora da rede.

“Depois de um primeiro trimestre muito ruim em termos de ventos, afetando negativamente as geradoras, esperamos um trimestre mais forte desta vez em termos de geração eólica para algumas empresas”, escreveram os analistas Marcelo Sá, Fillipe Andrade, Luiza Candiota e Victor Cunha, do Itaú BBA.

AES Brasil e Auren

A AES Brasil, que foi recentemente adquirida pela Auren, aparece como principal afetada pelos cortes de geração entre as empresas analisadas pelos bancos.

Segundo o Itaú BBA, os cortes de geração devem ter impacto significativo sobre os números da AES Brasil, de cerca de 150 GWh, principalmente no Complexo Cajuína, no Rio Grande do Norte. A Auren, por sua vez, deve ter uma redução inferior a 1% da sua geração, segundo os analistas do banco.

O BTG também vê os maiores efeitos na AES Brasil, considerando as empresas dentro do seu universo de cobertura, e aponta que a Auren deve sofrer com cortes na geração solar, mas em menor escala quando comparada com a empresa recém adquirida. O banco também vê efeitos expressivos do curtailment na Copel.

Judicialização

Como os projetos foram concebidos sem considerar o risco de curtailment, os geradores foram à Justiça alegando que a regra da Aneel para o pagamento das compensações é ilegal. Em dezembro, a Absolar e a Abeeólica, associações que representam as fontes solar e eólica, respectivamente, conseguiram uma liminar obrigando a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) a pagar a compensação aos geradores.

A CCEE, porém, não fez o pagamento porque alegou que a Aneel precisaria antes definir uma regra para esse ressarcimento. Antes disso acontecer, a agência reguladora conseguiu derrubar a liminar no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1).