A mudança na metodologia dos cortes de geração renovável implementada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a partir de setembro ajudou a aliviar os impactos do curtailment nos parques da Echoenergia, braço de geração renovável do Grupo Equatorial.
Em teleconferência realizada nesta quinta-feira, 14 de novembro, para comentar os resultados do terceiro trimestre do ano, o diretor-presidente da Echoenergia, Liu Aquino, contou que os cortes saíram de uma média de cerca de 36% no período de julho a setembro para cerca de 16% em outubro. Os efeitos totais, contudo, ainda não foram vistos, e o cenário deve melhorar após a entrada de linhas de transmissão adicionais em outubro.
“A gente ainda não consegue precisar o quanto significativa essa redução é para o nosso portfólio, mas outra medida que ela vai impactar, e essa é a nossa percepção aqui mais significativamente, é a questão da modelagem matemática. Os modelos matemáticos, que foram requisitados pelo ONS, eles estão sendo discutidos em conjunto. Assim que a gente conseguir finalizar e for implementada, a gente espera uma redução mais significativa ainda no ano que vem”, disse Liu Aquino.
A Echoenergia tem 12 empreendimentos na região Nordeste do Brasil, nos estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia, com mais de 1,2 GW operacionais, e seus ativos, principalmente nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte, têm sido bastante afetados pelos cortes de geração impostos pelo ONS para a segurança do sistema.
No terceiro trimestre do ano, os cortes somaram 318 MW médios, 36,2% da geração total (885 MW médios), com maior impacto no Complexo Eólico de Serra do Mel.
Lucro em alta mesmo com cortes
Mesmo com os cortes, a Echoenergia teve lucro de R$ 74 milhões no trimestre, alta de 29,9% na comparação com o mesmo período do ano passado. Já a receita líquida da companhia cresceu 35,3%, a R$ 389 milhões, devido a entrada de operação de novos empreendimentos e pelo excedente de geração da Echo Participações, efeitos que ajudaram a compensar o curtailment.
O resultado da geradora renovável contribuiu com o do grupo.
No trimestre, o lucro líquido ajustado da Equatorial cresceu 25,4%, a R$ 790 milhões. A receita operacional líquida, por sua vez, teve alta de 19,3%, a R$ 12,3 milhões, e o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu 16,3%, a R$ 2,9 bilhões.
Bons resultados em distribuição
Em distribuição, o desempenho da companhia foi 8% maior no trimestre, a R$ 956 milhões, refletindo o desempenho dos mercados em que atua.
A energia distribuída pelas sete concessionárias da Equatorial apresentou crescimento consolidado de 6,7% acima do terceiro trimestre de 2023, quando a empresa reportou altos volumes, fruto do aumento de renda e altas temperaturas. Mesmo com uma forte trajetória de crescimento de volumes na distribuição, o grupo segue pelo quarto trimestre consecutivo abaixo do limite regulatório de perdas.
“Alcançamos um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ajustado de R$ 2,09 bilhões no trimestre, 16% acima do mesmo trimestre do ano passado, em função da performance do segmento de distribuição”, disse Augusto Miranda, presidente do grupo Equatorial, durante a teleconferência.
Renovação das concessões
Sobre a prorrogação da concessão das distribuidoras, Cristiano Logrado, diretor de Regulação e Mercado da Equatorial, declarou que a minuto de contrato colocada em consulta pública pela Aneel veio muito em linha com as expectativas.
A exceção é a parte que exige a renúncia das disputas judiciais para a renovação. “Não está previsto no contrato, então certamente a gente vai questionar isso perante a Aneel. A expectativa é trabalhar melhor essa questão ao longo dos próximos três meses, depois do fim da audiência pública, a gente pode discutir um pouco mais”, explicou o diretor.
Em relação aos outros pontos do contrato, a empresa pretende trabalhar outros detalhes junto ao regulador, como melhorar os prazos para atuação de alguns pontos.