A Eletrobras registrou lucro líquido de R$ 1,4 bilhão no segundo trimestre – o último trimestre da companhia como estatal. O valor foi cerca de 45% inferior ao apurado em igual período de 2021. De acordo com a elétrica, privatizada em meados de junho, a redução do resultado na última linha do balanço foi provocada principalmente por efeitos da variação cambial.
A queda do lucro foi compensada em parte pelo efeito positivo decorrente do impacto dos registros dos eventos de privatização, no montante total de R$ 742 milhões, e R$ 454 milhões de efeito no resultado pela venda da participação de cerca de 33% que detinha na Companhia Estadual de Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-T).
No entanto, segundo a companhia, o resultado do segundo trimestre também sofreu impacto negativo da provisão para perdas em investimentos no montante de R$ 890 milhões, em função, principalmente, do aporte de capital realizado por Furnas na Santo Antônio Energia (Saesa), em junho de 2022, pelo registro de Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa (PCLD) que somou R$ 694 milhões, influenciado pelo registro da inadimplência da distribuidora Amazonas Energia, em especial no que se refere a dívida financeira com a holding e pela variação cambial negativa de R$625 milhões no trimestre, devido a exposição de dívida da Companhia em dólar.
Na mesma comparação, a receita líquida cresceu 19%, para R$ 7,4 bilhões, influenciada pela melhor performance nos contratos bilaterais e pelo reajuste anual das receitas de transmissão, cuja base de ativos foi ampliada no ciclo 21/22 pelo reperfilamento da RBSE. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) avançou quase 40%, para R$ 4,148 bilhões.
A Eletrobras realiza teleconferência nesta segunda-feira, 15 de agosto, às 14h30, para comentar o desempenho do segundo trimestre, seguida por uma coletiva de imprensa virtual.
Reação do mercado
As ações da Eletrobras são negociadas em alta nesta segunda-feira, no primeiro pregão da B3 após a divulgação do resultado da companhia. Às 10h50 desta segunda-feira, as ações ON da Eletrobras eram negociadas com alta de 1,02%, a R$ 47,38. Já as ações PNB registravam alta de 0,53%, a R$ 49,31.
Na visão do Itaú BBA, o efeito do resultado do segundo trimestre é neutro para as ações da empresa. Segundo a casa de análise, os custos gerenciáveis da elétrica vieram muito acima do esperado, porém há espaço para um ganho de eficiência expressivo daqui para a frente,
“Esperamos que a Eletrobras anuncie um programa de demissão voluntária nos próximos meses, bem como um novo plano estratégico para os próximos anos. Acreditamos que muitos investidores internacionais comprarão as ações assim que houver melhor visibilidade sobre o que a empresa planeja fazer para se tornar mais eficiente”, afirma o Itaú BBA, em relatório assinado pela equipe de “utilities” do banco, liderada por Marcelo Sá.
Na mesma linha, o Credit Suisse destacou que o foco com relação à Eletrobras está nos próximos passos da empresa após a privatização, incluindo um novo plano estratégico e possíveis mudanças em estatuto.
Na visão da Ativa Investimentos, a Eletrobras apresentou receitas superiores ao esperado pela casa de análise. A Ativa classificou como positivo o primeiro resultado da elétrica sem Itaipu e o controle da Eletronuclear.
*Texto atualizado em 16/08/2022, às 08h36, para inclusão de informações.
