
A Energisa avalia que a reforma do setor elétrico poderá ter efeitos positivos para a empresa, com destaque para a gratuidade para o consumo de até 80 kWh. “Isso certamente vai reduzir a inadimplência e as perdas no segmento de menor renda”, avalia o vice-presidente de Regulação e Relações Institucionais da companhia, Fernando Maia. Segundo ele cerca de 2 milhões dos 8,8 milhões de clientes da Energisa estão na faixa de baixa renda.
A gratuidade deve aumentar a conta de desenvolvimento energético (CDE), mas a Energisa avalia que este aumento pode ser compensado por outras formas, como a melhor distribuição da CDE entre os níveis de tensão.
“Alguns segmentos de clientes podem sofrer algum aumento tarifário, mas são segmentos com um poder econômico um pouco maior, que não deve trazer impactos reversos”, avalia ele, em relação a possibilidade de efeitos adversos para a companhia, como inadimplência ou redução no consumo.
Maia também reconhece que as propostas conhecidas para a reforma do setor elétrico podem representar ameaças a algumas linhas de negócio da empresa, como a comercialização de energia. “Mas o balanço é positivo”, avalia.
Renovação das concessões MT e MS até agosto
Com duas concessões de distribuição a vencer em dezembro de 2027 ( Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que são também as maiores do grupo em Ebitda) e uma concessão a vender em março de 2031 ( Paraíba), a Energisa acredita que as renovações devem ser mais céleres após a conclusão do processo da EDP Espírito Santo, primeira distribuidora a ter sua concessão expirada.
Para a diretoria da empresa, após as discussões no processo da EDP-ES, as próximas renovações devem ser mais rápidas. “O TCU (Tribunal de Contas da União) está fazendo um acompanhamento desses processos. Então eles também já estão com a área técnica, acompanhando e instruindo os processos. Ou seja, quando concluído, ele já terá sido analisado pelo TCU”, disse Fernando Maia. “Nós mantemos a expectativa de concluir o processo até o final de agosto”, finalizou.
Resultados
No primeiro trimestre de 2025, a Energisa registrou lucro líquido de R$ 1 bilhão, com queda de 9,5% em relação ao mesmo período de 2024. O Ebitda foi de R$ 2,4 bilhões, com queda de 5,2% em um ano.
Segundo a empresa, as contrações se explicam por reajustes tarifários negativos que as concessionarias do grupo tiveram em 2024, principalmente aquelas que têm reajuste pelo IGP-M. “No primeiro trimestre de 2024, esse indicador foi negativo e reduziu tarifas nas duas das maiores concessões do grupo, a Energisa Mato Grosso e a Energisa Mato Grosso do Sul”, disse o diretor Financeiro e de Relações com Investidores do grupo, Mauricio Botelho. “Esse efeito será compensado pelos reajustes positivos da parcela B que ocorreram neste ano”, complementou.
O segmento de distribuição de energia registrou receita líquida de R$ 7,5 bilhões, com aumento de 8,7% em um ano. O segmento de transmissão gerou R4 369 milhões em receita, valor 5,1% menor do que no mesmo período de 2024.
Na (re)energisa, a receita gerada foi de R$ 453,3 milhões, com avanço de 43,6% em um ano. Nesta divisão, a linha de negócios com mais destaque foi a comercialização, que gerou receita de R$ 319,7 milhões, mais do que dobrando os R$ 146,9 milhões registrados há um ano.
Em distribuição de gás natural, onde a Energisa controla a Norgás e a ES Gás, a receita foi de R$ 157 milhões, com contração de 65,5% em um ano.