Transmissão

ISA Energia não garante participação em leilão de transmissão de outubro

Rui Chammas, presidente da ISA Energia
Rui Chammas, presidente da ISA Energia

A ISA Energia avalia a possibilidade de crescer por meio de autorizações em reforços e melhorias na Concessão Paulista, um dos seus principais contratos de concessão, que foi renovada nos termos da Lei 12.783/2013. Segundo Rui Chammas, CEO da transmissora, outras frentes de crescimento incluem leilões, fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) e reforços e melhorias em outras concessões.

O executivo não confirmou a participação da empresa no próximo leilão de transmissão, marcado para outubro deste ano, explicando que todas as frentes de crescimento da ISA Energia devem passar por análise que considera a rentabilidade do crescimento, a disciplina financeira da companhia e a preservação da prática de pagamento de dividendos na proporção de 75% do lucro líquido regulatório.

“Toda vez que aparece uma oportunidade em qualquer uma dessas frentes, nós fazemos uma análise diligente, não é diferente do leilão que está previsto para esse ano”, disse Chammas, durante teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre do ano.

A transmissora está ainda desenvolvendo um “plano abrangente” para reforço da infraestrutura, considerando o aumento na frequência e na intensidade dos ventos, que será apresentado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “Nosso principal objetivo não é evitar os danos, mas também estar preparado para dar uma resposta rápida e coordenada a essas situações”, disse o diretor de Operações da ISA Energia, Bruno Isolani.

RBSE: Impacto ‘relativamente positivo’

O lucro da ISA Energia no segundo trimestre de 2025 caiu 39,9% na base anual em função, sobretudo, da revisão da metodologia de cálculo da rede básica do sistema existente (RBSE). Ainda assim, para a empresa, o resultado do processo na Aneel não foi “tão negativo”.

“A gente viu um impacto relativamente positivo na medida que a gente contava no nosso planejamento o cenário mais pessimista, que era o próprio voto do relator, onde a gente passaria de recebimentos anuais de R$ 1,588 bilhões para R$ 838 [milhões]”, disse a diretora financeira da ISA Energia, Silva Wada. “A gente estava preparado para esse cenário, caso ocorresse, e, no fundo, ele acabou sendo menos severo, passou para R$ 1,271 bilhão. Então, nesse sentido, foi mais favorável”, disse.

A parcela anual do componente financeiro para a ISA Energia teve redução de 20%, contra uma potencial queda de 47,2% caso as premissas mais pessimistas se concretizassem.

Para o presidente da empresa, Rui Chammas, a decisão da Aneel foi acertada. “Foi mantida a metodologia de cálculo do pagamento de juros relacionados à RBSE, de forma postecipada, conferindo estabilidade, segurança jurídica e regulatória ao preservar a escolha metodológica adotada pela própria agência nos anos anteriores”, disse durante a teleconferência.

A RBSE se refere à metodologia de cálculo das indenizações por ativos antigos de transmissão renovados nos termos da Lei 12.783/2013. Em junho de 2025, a Aneel encerrou um impasse entre consumidores e geradores, que pleiteavam um desconto de R$ 11 bilhões, e as transmissoras, que solicitavam a manutenção dos valores sem alterações. No fim, a agência decidiu por descontos de R$ 5,67 bilhões no custo da transmissão dos ciclos de julho de 2025 a julho de 2028.

Segundo Chammas, os reajustes serão realizados linearmente nos últimos três ciclos de recebimento desse valor, que passa a ser de R$ 1,271 bilhões para a ISA Energia. “Com isso, a companhia que já recebeu R$ 16 bilhões de ativos da RBSE ainda receberá cerca de R$ 7,5 bilhões”, disse, em referência às receitas esperadas entre junho de 2025 e 2033.

Redução da RBSE foi compensada pela concessão paulista e contatos licitados

A redução de 10% na RBSE foi compensada pelo aumento de 1,3% na Receita Anual Permitida (RAP), o que correspondeu a R$ 84 milhões, na comparação entre os ciclos 2024/2025 e 2025/2026. A ISA Energia destacou o avanço de 10% na RAP da Concessão Paulista e o aumento de 5,1% nas áreas licitadas.

Assim, a empresa espera uma RAP potencial de R$ 6,2 bilhões no ciclo 2025/2026, já descontada a parcela de ajuste do ciclo 24/25. Deste total, a concessão paulista representa R$ 3,5 bilhões.

Resultados

No segundo trimestre de 2025, a ISA Energia registrou lucro líquido regulatório de R$ 255,6 milhões, o que representou redução de 39,9% em um ano. A receita líquida foi de R$ 1 bilhão, contra R$ 1,1 bilhão no mesmo trimestre do ano anterior. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) regulatório foi de R$ 798,5 milhões, o que representou recuo de 11,4% na base anual.

Em junho, a companhia antecipou em 16 meses a entrada em operação do projeto Água Vermelha (contrato 02/2023). Assim, a ISA Cteep passou a receber cerca de 90% da RAP de R$ 8,5 milhões (ciclo tarifário 2025/2026) do projeto, que possui margem Ebitda estimada de cerca de 90%. Para os próximos 12 meses, a companhia espera concluir mais quatro projetos: Riacho Grande, Jacarandá, Piraquê e o redirecionamento do fluxo de corrente para otimização e a redução de carga na linha Ribeirão Preto e Porto Ferreiro.

Os investimentos em projetos greenfield no trimestre foram de R$ 722,8 milhões, montante 141% maior do que o investido no mesmo período de 2024. A carteira de investimentos da ISA Cteep tem mais R$ 7,3 bilhões a serem cumpridos até 2028, sendo o ano de 2026 o pico de investimentos. Os valores serão injetados em cinco projetos, que têm RAP estimada de R$ 1,022 bilhão.

Em reforços e melhorias, foram investidos R$ 379,3 milhões no trimestre, contra R$ 340,4 milhões há um ano (avanço de 11%).