A Raízen conseguiu reduzir em quase 30% a quantidade de enzima para obter a mesma produção de etanol de segunda geração (E2G) na usina de Costa Pinto, primeira planta da empresa para a fonte, localizada em São Paulo. Segundo a diretoria da empresa, neste ano o objetivo foi mais concentrado em melhorar o custo do que em aumentar a produção, e as lições aprendidas na planta de Costa Pinto serão aplicadas nas demais usinas de E2G da companhia.
“A Costa Pinto tem o papel agora de testar essas novas linhas de redução de custo que a gente está tendo”, disse Ricardo Mussa, em sua última teleconferência de resultados trimestrais como presidente da Raízen. Ele passará para o Conselho de Administração da companhia e assumirá o comando da Cosan Investimentos. A presidência da Raízen ficará com Nelson Gomes.
A produção mais eficiente do E2G já desperta outras oportunidades para a empresa. “O mercado spot continua com preços muito elevados do E2G. A gente está contratado em 80% e tem um volume excedente. Então, [se] a gente conseguir produzir acima tem um baita benefício, de capturar o benefício do mercado spot. Como a gente é praticamente o único produtor mundial hoje, ainda tem muita demanda pagando um prêmio muito interessante do gênero mercado spot. Quanto antes a gente conseguir produzir, mais rápido a gente captura esse mercado spot”, disse o diretor Financeiro da Raízen, Carlos Moura.
O E2G é produzido a partir do resíduo da cana de açúcar, após a produção de etanol de primeira geração. Por se tratar do aproveitamento de resíduo, que não compete com a produção alimentar, o combustível tem mandato em algumas regiões, como na União Europeia. No último trimestre, a Raízen produziu 15 milhões de litros de E2G, com aumento de 74% na base anual. Toda a produção foi exportada.
A companhia tem duas plantas que produzem o combustível (Costa Pinto e Bonfim) e planeja comissionar mais duas ainda em novembro. Assim, espera produzir 80 milhões de litros de E2G no atual ano-safra (que termina em 31 de março de 2025). Na avaliação da Raízen, agora o projeto de E2G deixa de exigir grandes investimentos e passa a ser importante gerador de caixa.
Queimadas comprometeram 7% da safra de cana
Até o mês de outubro, cerca de 7% do total de cana a ser processada pela Raízen foi comprometido pelos incêndios que afetaram a região Centro-Sul do país. A produção da safra, que deve ser encerrada em dezembro, deve ter moagem de 80 milhões de toneladas de cana, o que representa uma queda de 6% na comparação com a safra passada.
Mesmo assim, a companhia avalia que seu panorama é mais positivo do que o do restante do mercado, que estima queda de 9% na produção nacional, segundo Ricardo Mussa. Além disso, a avaliação é que a menor produção deve ter reflexos positivos no preço do combustível.
A menor moagem de cana também comprometeu a produção de energia elétrica da Raízen, que vendeu 912 GWh no período, com queda de 14,8% na base anual.
Resultados
Entre julho e setembro de 2024, a Raízen registrou prejuízo de R$ 96,7 milhões, revertendo lucro de R$ 181,3 milhões no mesmo período do ano passado. Segundo a empresa, o prejuízo do trimestre é decorrente da queda das margens nas divisões de combustível, “mesmo com redução das despesas gerais e administrativas”.
A Raízen também teve perdas com negócio de óleo combustível. “A gente errou, não tem outra palavra, a gente errou realmente na avaliação de risco, até pra montar o processo”, reconheceu Mussa. Segundo ele, a falha já foi corrigida e não deve aparecer nos próximos trimestres.
O Ebitda (lucros antes dos juros, tributos, depreciação e amortização , na sigla em inglês) da companhia no período foi de R$ 775,1 milhões, com redução de 38% na base anual.