Em meio à revisão tarifária de contratos nas malhas da Nova Transportadora do Sudeste (NTS) e Transportadora Associada de Gás (TAG), a Eneva acredita que a redução nas tarifas de transporte de gás não deve ter impactos significativos no leilão de reserva de capacidade (LRCap), que ainda não tem data e deve contratar potência flexível de térmicas e hidrelétricas.
“Os projetos que já existem e são conectados à malha já tinham um nível de competitividade razoavelmente alto por serem projetos existentes”, disse o diretor de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da Eneva, Marcelo Lopes. Por outro lado, o executivo reconhece a importância da redução no custo de transporte na medida em que tende a aumentar a dinâmica do mercado de comercialização de gás na malha de dutos.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realiza em 2025 o processo de revisão tarifária de contratos da NTS e TAG, diante do vencimento dos primeiros contratos legados da Petrobras na base das transportadoras. A revisão deve se limitar a estes contratos legados, e não a toda a rede das transportadoras.
A Eneva realizou sua teleconferência de acionistas sobre os resultados do segundo trimestre de 2025 nesta quinta-feira, 14 de agosto. No encontro, a companhia informou ter alocado R$ 566 milhões para o desenvolvimento de novos projetos, mas não quis detalhar a rubrica por se tratar de informação estratégica. No release de resultados, há R$ 573,6 milhões relacionados a “diversos projetos na holding, incluindo despesas com aquisição e desenvolvimento de pipeline de projetos termelétricos para futuros leilões”.
Despacho térmico em crescimento
No segundo trimestre de 2025, a Eneva gerou 1.324 GWh em energia térmica. E, em apenas 40 dias do terceiro trimestre (até 10 de agosto), o despacho térmico já atingiu 1.380 GWh. A companhia acredita que a tendência deve continuar.
“Sendo o segundo semestre tipicamente marcado pelo período seco do ano, com maiores preços de energia e necessidade adicional de potência, há tendência de continuidade do despacho termoelétrico ao longo de todo esse trimestre”, adiantou Marcelo Lopes.
Segundo ele, boa parte da energia gerada no segundo trimestre de 2025 veio do Complexo Parnaíba, onde há margens variáveis positivas para despacho flexível. Além do atendimento ao sistema brasileiro, a Eneva também aproveitou janelas de exportação de energia, com picos de cerca de 2 MW médios exportados em junho de 2025.
Small scale ainda a 50% da capacidade total
A planta de gás natural liquefeito (GNL) small scale da Eneva no Complexo Parnaíba, que iniciou operações em novembro de 2024, atualmente roda com cerca de 50% da capacidade, embora esteja pronta para operar em sua capacidade completa.
“A gente não está com 100% da capacidade vendida. E, do percentual da capacidade vendida, os clientes não estão necessariamente tirando 100% da capacidade comprada. Nesse segundo trimestre a gente vendeu, mais ou menos, um volume de 50% da capacidade total da companhia”, disse o diretor de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Marcelo Habibe. Ele ressaltou que todos os contratos de GNL small scale têm cláusulas de take or pay, ou seja, ainda que o cliente não retire o mínimo contratado, a empresa é remunerada.
Segundo Habibe, quando a planta estiver rodando com a totalidade de sua capacidade e com os clientes também retirando 100% dos seus volumes, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) esperado é de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões por ano com o negócio de small scale, a depender do preço do Brent e do câmbio.
Resultados
No segundo trimestre de 2025, a Eneva registrou lucro líquido de R$ 364,5 milhões, queda de 65,8% na comparação com o segundo trimestre de 2024. O Ebitda foi de R$ 1,7 bilhão, aumento de 55,9% na comparação anual. Segundo a empresa, foi o maior Ebitda trimestral já registrado em sua trajetória.
*Atualizado às 15h13