A Taesa anunciou nesta quinta-feira, 7 de março, que não participará do primeiro leilão de transmissão de energia deste ano, marcado para ocorrer em 28 de março. Fábio Antunes, diretor de Novos Negócios e Gestão de Participação, afirmou em teleconferência com investidores, que o foco da transmissora será nas análises dos lotes do segundo leilão, em setembro, e em “boas oportunidades de M&As”(sigla para fusões e aquisições).
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“A Taesa não participará deste leilão de março, porém, no segundo semestre, manteremos nossos estudos e avaliações constantes sobre oportunidades de negócios para trazer aos nossos acionistas, de uma forma que gere valor”, disse Antunes.
A última participação da companhia em certames foi em junho do ano passado, quando não levou nenhum lote. Depois disso, a Taesa disse que não participaria do leilão de dezembro, destacando que estudaria possibilidades a partir de 2024, mas de uma forma “muito criteriosa para que se posicionar de forma competitiva e assertiva”.
Alavancagem
Com cerca de R$ 3 bilhões em investimentos para execução de obras nos próximos dois anos, a companhia fechou 2023 com um nível de alavancagem, relação entre dívida líquida e Ebitda (sigla para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), em 3,7 vezes, ou seja, com quase quatro anos para conclusão do pagamento.
De acordo com o diretor-presidente interino, Rinaldo Pecchio Junior, o nível está estável, quando comparado ao período anterior.
“O nosso crescimento está baseado em contratação de endividamento, é impossível a companhia ter um crescimento, como vem apresentando ao longo dos últimos anos, sem que tivesse realizado um financiamento através do mercado. O lado oposto do crescimento, que a companhia pretende continuar desenvolvendo, é a subida do nosso endividamento, saímos de uma alavancagem de 2,2 vezes em 2019 para os atuais 3,7 vezes”, pontuou o executivo, afirmando que, no entendimento da companhia, o salto está em um nível confortável e que faz sentindo.
Rinaldo Pecchio Junior ressaltou ainda que a companhia tem uma capacidade “desalavancagem grande” e que tem diversos ativos para entrar em operação e investimentos em reforços e melhorias.
Resultados
A Taesa teve lucro líquido regulatório de R$ 301,1 milhões no quarto trimestre de 2023, queda de 22,2% na comparação anual. Por outro lado, a receita líquida regulatória cresceu 6,1% no trimestre, a R$ 592 milhões.
Segundo a transmissora, o desempenho é explicado, principalmente, pelo início da operação da primeira fase de Saíra, entrada em operação de novas fases de Sant’Ana, com aproximadamente 95% da Receita Anual Permitida (RAP) total habilitada, pelo reajuste inflacionário em IPCA do ciclo da RAP 2023- 2024, e por uma menor parcela variável.
Tais efeitos foram compensados, em parte, pelo reajuste negativo do IGP-M de concessões categoria 2, licitadas com base blindada e sem revisão tarifária, e pela queda de 50% da RAP da ATE III, a última concessão de categoria 2 sujeita a esta redução, além de efeitos macroeconômicos.
O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) regulatório foi de R$ 484,2 milhões, alta de 4,2%.
O resultado regulatório é considerado pelas empresas de transmissão e pelos analistas de mercado como mais aderente ao retrato financeiro atual do segmento. Nesse tipo de contabilização, a receita representa os recebimentos da companhia, refletindo no seu fluxo de caixa, e os investimentos são reconhecidos no balanço patrimonial como ativo imobilizado.
No regulatório, a receita reflete a RAP registrada conforme o faturamento, no prazo da concessão.
As transmissoras também reportam os resultados financeiros de acordo com as regras internacionais, conhecidas pela sigla em inglês IFRS. Nessa contabilização, os investimentos são reconhecidos no balanço patrimonial como ativo financeiro. A distribuição de proventos aos acionistas leva em conta o IFRS.
Dividendos
A administração da Taesa propôs um pagamento de dividendos adicionais de R$ 390,3 milhões sobre o lucro de IFRS apurado em 2023, de R$ 1,4 bilhão.