Custo do corte

'Sensibilidade' do curtailment leva Itaú BBA a reequilibrar financiamentos

Renováveis e Transmissão
Foto: ThinkStock

A taxa de juros atual é um desafio para novos investimentos de infraestrutura e demanda um olhar de longo prazo dos empreendedores. Mas, além dos desafios econômicos José Rudge, co-head de Infra & Energia do Itaú BBA, vê no setor elétrico outros desafios para obtenção de recursos, como o curtaiment, sendo que o banco mantém conversas com players para entender formas de lidar com o momento mais sensível e reequilibrar as condições de financiamento, eventualmente.  

Durante painel no evento MinutoMega Talks, promovido pela MegaWhat, o executivo falou dos desafios após citar a Selic, taxa básica de juros da economia, que atingiu 15% ao ano em junho de 2025, sendo o maior patamar desde julho de 2006, quando a taxa estava em 15,25%. Segundo ele, as projeções do banco indicam uma redução da taxa depois de a inflação demonstrar “uma certa melhora”, com o Itaú BBA estipulando uma Selic de 12,25% no final de 2026. 

Definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, a taxa serve de referência para o custo do crédito em operações como empréstimos bancários, crédito pessoal e financiamentos, ou seja, quanto maior a Selic mais caro fica para tomar dinheiro emprestado dos bancos.  

“Os empreendedores não endereçavam o curtailment nos seus modelos financeiros e nós, financiadores, também não. Então, tem uma frustração de receita muito importante. A Abeeolica [Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias] e a Absolar [Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica], por exemplo, protocolaram, junto ao BNDES e ao BNB [Banco do Nordeste], pedido de standstill parecido com o que foi feito na época do covid para empresas menores e mais nichadas, por exemplo”, disse. 

O contrato de standstill é uma modalidade de acordo que busca unir os credores e adiar cobranças para garantir pagamento dos valores atrasados. Segundo o co-head, o Itaú BBA não tem nenhum contrato semelhante firmado, mas mantém conversas com players para entender soluções para este momento mais sensível e reequilibrar as condições de financiamento, eventualmente.  

Modelo de riscos e financiamento

Ele informou que o banco não tem visto novos projetos e tem modelado riscos em ativos já existentes. Para novos projetos, Rudge destacou que é preciso entender o racional e base dos projetos. 

O representante do Itaú BBA também apontou que cerca de 70% de todo o financiamento para infraestrutura no país em 2024 foi feito por meio de debêntures incentivadas, criadas em 2011 através da Lei 12.431, que são aquelas emitidas por empresas que estão captando recursos para projetos de infraestrutura. 

Incertezas sobre MPs 

Questionado sobre o impacto das medidas provisórias relacionadas ao setor elétrico na análise financiamentos, Rudge usou números do segmento para demonstrar importância da regulação apesar das incertezas. 

“Historicamente, o setor de energia representava perto de 30% do volume de mercado de capitais, em dívida, por exemplo, 40% de fusões e aquisições. No mercado de renda fixa, ele representa em torno de 20%, porque tem um marco regulatório conhecido e testado. [As MPs] tem impactado e esse momento é mais desafiador e nós vemos todo mundo à espera de encaminhamento dessas propostas para destravar uma nova rodada de investimentos no setor”, disse. 

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