Elétricos

Após aumento de 89% na venda de elétricos, ABVE exclui híbridos de cálculo

Próximo levantamento excluirá veículos com “pouca ou nenhuma contribuição à redução de gás carbônico (CO₂) e outros gases do efeito estufa emitidos na atmosfera”

Carros elétricos em Santa Catarina
Carros elétricos em Santa Catarina | Eduardo Valente / Celesc

O número de veículos eletrificados emplacados no Brasil subiu 89% em 2024, a 177,3 mil frente aos 93,9 mil contabilizados no ano anterior. O volume superou a expectativa da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), que considerou todas as tecnologias disponíveis no mercado brasileiro com algum grau significativo de eletrificação para basear sua estatística – parâmetro que deve mudar no próximo levantamento.

A marca pode ser explicada, segundo a entidade, pela ampliação da rede de infraestrutura de recarga em 2024, que colaborou para reduzir as incertezas quanto ao uso de veículos elétricos em maiores distâncias e viagens mais longas. Dados citados pela ABVE, fornecidos pela Tupi Mobilidade, indicam mais de 12.000 pontos de recarga públicos e semi-públicos espalhados pelo Brasil no início de dezembro.

“Foi um ano espetacular para a eletromobilidade, um ano de crescimento sustentável e números muito expressivos. Temos muito a comemorar”, disse o presidente da ABVE, Ricardo Bastos, em nota.

O ano dos elétricos

De janeiro a dezembro, os veículos plug-in mantiveram a maior participação de vendas do mercado de eletrificados, com 125.624 veículos, ou 71% do total.

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Os híbridos, sem recarga externa, ficaram com 29% de participação (51.733). A categoria considera os híbridos puros (HEV), a gasolina/álcool (HEV Flex), e micro-híbridos e mild hybrid (MHEV).

Na avaliação da associação, os números confirmam que o mercado de veículos elétricos plug-in está em expansão no Brasil, registrando recordes e maior aceitação dos consumidores.

Entre os estados, São Paulo foi responsável por 32% (56.819) das vendas totais do ano, seguido por Brasília com 9% (16.061) e Rio de Janeiro com 7,2% (12.841).

Polêmica dos híbridos

Em seu levantamento, a ABVE apreciou os veículos 100% elétricos (BEV), híbridos plug-in (PHEV), híbridos puros (HEV), híbridos a gasolina/álcool (HEV Flex), e micro-híbridos e mild hybrid (MHEV).

Entretanto, o próximo balanço da entidade, previsto para fevereiro, deve incluir apenas veículos que atendam requisitos mínimos como, por exemplo, voltagem da bateria, tração elétrica, potência mínima da bateria e contribuição efetiva à redução das emissões de poluentes.

Segundo a associação, o último requisito deve ser considerado já que alguns novos modelos lançados no mercado como híbridos não podem ser considerados eletrificados, pois “têm pouca ou nenhuma contribuição à redução de gás carbônico (CO₂) e outros gases do efeito estufa emitidos na atmosfera”.

Ainda assim, todas as categorias de veículos híbridos, mesmo as que não atendam aos requisitos mínimos, terão suas estatísticas de vendas publicadas mensalmente pela ABVE, porém em tabelas separadas.

“A ABVE cumprirá seu dever de transparência e não deixará de divulgar os números da evolução de vendas das diferentes tecnologias de veículos elétricos e híbridos. Nosso objetivo é disponibilizar todas as informações necessárias para que o consumidor saiba o que está comprando e tome a melhor decisão possível”, disse Ricardo Bastos.

Micro-híbridos

Outra categoria inclusa na contagem de 2024 foi a dos micro-híbridos, que reúne veículos com bateria de apenas 12 volts e sem tração elétrica. Segundo a ABVE, o modelo, que emplacou 3.828 unidades no último ano, tem causado dúvidas no setor se pode ou não ser considerado um veículo eletrificado.  

Para Bastos, alguns lançamentos recentes podem “não entregar necessariamente ao consumidor e ao meio ambiente uma experiência real de eletromobilidade”.

“Teremos de considerar a separação das estatísticas desses modelos daquelas dos veículos que efetivamente podem ser considerados eletrificados. Para a ABVE, é importante manter o foco na eletrificação real, ou seja, no crescimento da nossa indústria, na contribuição ao meio ambiente, nas vantagens econômicas efetivas e no esclarecimento do consumidor quanto ao que ele pode obter de retorno de cada uma das tecnologias”, falou o executivo.