Sistemas mais flexíveis, responsivos e integrados serão essenciais para o sucesso da transição energética. As metas globais de redução das emissões de gases causadores de efeito estufa, em direção ao “net zero“, exigem grande expansão da capacidade de renováveis nas próximas décadas, algo que, por sua vez, demanda modernização das redes, combinada ao uso de baterias para armazenamento de energia e uma demanda que possa ser adaptável a depender das alterações na geração.
“É evidente que temos uma lacuna entre onde estamos agora e onde precisamos estar para atingir as metas de descarbonização”, afirmou, Keisuke Sadamori, diretor de mercados em Energia e Segurança na Agência Internacional de Energia (IEA), que participou da abertura da Cigre Paris Sessions 2024, encontro que reúne 10 mil especialistas na capital francesa durante esta semana para discutir as tendências e como superar os desafios à frente na operação dos sistemas de energia elétrica no mundo todo.
Segundo ele, a gestão desses fluxos descentralizados vai exigir também digitalização, além das baterias e da resposta da demanda para necessidades de flexibilidade de curto prazo. “Para fechar essa lacuna, é essencial que o desenvolvimento da nossa infraestrutura e das operações estejam alinhados com as metas dos governos para descarbonização e desenvolvimento de renováveis. Enquanto avançamos para um cenário energético mais dinâmico, é crucial que nossos grids sejam planejados e desenvolvidos em harmonia com as mudanças na oferta e na demanda”, completou.
“O desafio aqui é evidente. O ritmo de desenvolvimento do grid não está acompanhando a rapidez com que as renováveis podem ser construídas”, disse Sadamori.
Segundo o especialista, nos últimos 20 anos, foram construídos mais de 25 milhões de quilômetros de linhas de transmissão e distribuição pelo mundo, mas esse volume vai precisar dobrar nas próximas duas décadas para acompanhar o avanço da demanda por energia elétrica e a entrada de novas fontes de geração. Além disso, mais de 25 milhões de quilômetros em grids precisarão ser substituídos ou modernizados.
“No total, 80 milhões de quilômetros precisarão ser adicionados ou substituídos até 2040. Isso é equivalente ao grid global existente hoje no mundo, que é o suficiente para dar a volta no planeta mais de 2000 vezes”, disse Sadamori.