Net Zero

Brasil precisará investir US$ 1,3 trilhão para alcançar neutralidade climática

Cerca de US$ 500 bilhões do recurso devem ser enviados para fontes renováveis

Transição energética com renováveis/ Crédito: Pixabay
Renováveis - Crédito: Pixabay

O Brasil precisará de US$ 1,3 trilhão em investimentos para atingir a neutralidade climática até 2050 e se tornar um dos líderes globais da transição energética, apontou um estudo realizado pela BloombergNEF (BNEF) e divulgado nesta semana durante a assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, nos Estados Unidos.

Cerca de US$ 500 bilhões do recurso devem ser enviados para fontes renováveis, já o restante englobaria a produção de hidrogênio verde e o uso de tecnologias de captura e armazenamento de carbono – soluções vistas como “caras” pela pesquisa, dado o valor atual das tecnologias necessárias para o desenvolvimento.

Mesmo com uma matriz dita como majoritariamente limpa em comparação com outros países, a BloombergNEF aponta um valor alto de investimentos para as renováveis devido a suas aplicações no processo de eletrificação e crescimento econômico brasileira.

A eletrificação de diversos setores, incluindo transporte, edifícios e indústria, tem potencial para evitar 53% das suas emissões brasileiras até 2050, desempenhando uma função primordial no alcance do Net Zero.

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Outras soluções também podem ajudar a evitar as emissões, porém o custo das tecnologias ainda é elevado como, por exemplo, o uso de captura e armazenamento de carbono, do hidrogênio e da bioenergia – com potencial de evitar  25% – , e a energia limpa, que pode evitar até 7%.

O papel das renováveis na descarbonização

Dentre as fontes para o alcance da meta, as eólicas, que têm passado por momento desafiador na indústria, em razão da ausência de novos projetos da fonte, podem desempenhar um papel crucial na eletrificação.

Mesmo com a expectativa de uma eventual queda na demanda, que pode sair de 5 GW em 2023 para menos de 2 GW entre 2026 e 2027, as eólicas devem subir novamente sua demanda a partir de 2028, segundo o estudo.

“O Brasil possui um dos maiores fatores de capacidade médios globais, com a geração onshore sendo maior que a do offshore em relação aos muitos mercados. Isto leva a um dos custos médios mais baixos de eletricidade (LCOEs) no mundo”, diz o levantamento.

Outra fonte com potencial de favorecer o Brasil é a solar, que deve ultrapassar a geração hídrica até o final da década. Segundo o estudo, o país passou um aumento exponencial da fonte nos últimos anos, em função, principalmente, dos incentivos governamentais e da queda nos preços dos sistemas fotovoltaicos, especialmente na modalidade de geração distribuída (GD).

No entanto, a BNEF sugere que os obstáculos atuais da GD como o aumento das tarifas de transmissão, as barreiras das distribuidoras, o imposto sobre importação de módulos e a concorrência no mercado livre de energia podem ser uma barreira para o crescimento da fonte nos próximos anos.

Os biocombustíveis também continuam sendo cruciais para a redução de emissões no curto prazo, especialmente considerando que o Brasil é um dos maiores mercados automotivos e pode produzir biogás, etanol e biomassa em escala.

Emissões e as metas brasileiras

Na opinião do estudo, o país traçou uma agenda climática “ambiciosa”, que, caso seja bem-sucedida, pode ajudar a remodelar estratégias globais de combate as alterações climáticas, e transformar a economia brasileira, criando oportunidades em indústrias em crescimento.

Para aproveitar ao máximo essas oportunidades, o Brasil precisará projetar, aprovar e implementar políticas e regulamentos eficazes – e abordar potenciais barreiras de mercado – nos próximos anos, segundo a BloombergNEF.