Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) mostrou que as emissões globais de dióxido de carbono relacionadas à energia aumentaram 6% em 2022 para 36,3 bilhões de toneladas, o maior nível da história. Isso, segundo a agência, é consequência da alta nos preços de gás natural, condições adversas no clima e a recuperação econômica mundial da crise da covid-19, que dependeu fortemente do carvão para impulsionar esse crescimento.
De acordo com relatório da agência, apesar da geração de energia renovável registrar seu maior crescimento de todos os tempos, a alta nos preços do gás natural impactou no custo de produção, resultando na busca por alternativas com menor custo de operação. Nos Estados Unidos e em outros sistemas de energia da Europa, onde a concorrência entre as usinas a gás e a carvão é mais acirrada, a mudança na fonte energética acarretou um aumentou nas emissões globais de CO₂ em mais de 100 milhões de toneladas.
Somente o carvão foi responsável por mais de 40% do crescimento total das emissões globais de CO₂ em 2021, atingindo o recorde de 15,3 bilhões de toneladas, enquanto as emissões do gás natural ficaram bem acima dos níveis de 2019, chegando a 7,5 bilhões de toneladas. Em 10,7 bilhões de toneladas, as emissões de CO₂ do petróleo permaneceram significativamente abaixo dos níveis pré-pandemia, devido à recuperação limitada da atividade global de transporte no ano passado, principalmente no setor de aviação.
O relatório ainda destaca que apenas em 2021, o impacto das emissões de CO₂ da China passaram de 11,9 bilhões de toneladas, representando 33% do total global, enquanto na Índia as emissões de CO₂ atingiram um recorde, 13% maior que em 2020, como consequência da desaceleração das energias renováveis no país em comparação aos últimos cinco anos.
Apesar do uso do carvão, as fontes de energia renovável e a energia nuclear forneceram uma parcela maior da geração global de eletricidade do que o carvão no ano passado, em 500 MWh acima da produção de 2020. As gerações de energia eólica e solar fotovoltaica aumentaram, respectivamente, em 270 MWh e 170 MWh, enquanto a geração hídrica diminuiu devido aos impactos da seca, principalmente nos Estados Unidos e no Brasil.
A IEA ainda aponta que a produção econômica global em países emergentes se recuperou para níveis pré-pandemia, mas a redução das emissões de CO2 ocorreu de forma menos acentuada