Cortes de geração

Com restrição em linhão de Belo Monte, cresce curtailment por razão elétrica

Originalmente, a expectativa de retorno do do bipolo de Belo Monte era 2 de fevereiro.

Linha de transmissão/ Foto de Beth Santos
Foto mostra linha de transmissão do bipolo de Belo Monte

*Atualizada às 18h10 para complementar informações

A indisponibilidade de um dos linhões de transmissão que escoa a energia de Belo Monte, no rio Xingu (PA), ao Sudeste, não entrou na formação de preço de energia de fevereiro, mas contribuiu de forma significativa para aumento do curtailment por razão elétrica, quando há restrição da capacidade de escoamento de energia pela rede por problemas na transmissão.

Os níveis gerais dos cortes de geração recuaram de 11,5% em dezembro para 10,2% em janeiro, de acordo com o Itaú BBA, em relatório que acompanha o fenômeno dos cortes de geração a cada mês.

Os cortes de geração eólica somaram 9,3% da geração total em janeiro, abaixo dos 9,5% de dezembro, enquanto os cortes da fonte solar fotovoltaica foram a 12% em janeiro, muito abaixo dos 17,8% de novembro de 2024.

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Dentre os cortes, aqueles realizados por razão de indisponibilidade externa (REL), relacionados às restrições em transmissão, foram de praticamente zero em dezembro para 6% em janeiro.

Indisponibilidade do linhão do Xingu

Segundo os analistas do Itaú BBA, o aumento reflete a indisponibilidade do linhão em corrente contínua (HVDC) Xingu/Terminal Rio, da State Grid, que conecta Belo Monte, no Pará, ao Rio de Janeiro.

Uma tempestade em 22 de novembro derrubou torres de transmissão deste linhão, interrompendo a transmissão para o Sudeste. A maior parte dos cortes enquadrados nesta categoria aconteceu entre 22 e 31 de janeiro.

Para os analistas, mesmo se a linha de transmissão não estivesse indisponível, o curtailment aconteceria na mesma proporção, mas os cortes seriam enquadrados em razões energéticas, quando a demanda é inferior à geração.

Como são classificados os cortes de geração

Os cortes de geração, regulamentados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), podem ser enquadrados em três categorias. Indisponibilidade externa (quando há problema na rede elétrica), requisitos de confiabilidade elétrica (problemas em instalações de equipamentos externos à usina) e por razão energética (quando a geração é maior que o consumo).

Os cortes por restrição de transmissão são os únicos que podem ser ressarcidos aos geradores, desde que excedam as franquias horárias definidas pelas regras, que são de 70 horas para eólica e 35 horas para solar a cada ano.

Dos 70 ativos de geração que pertencem às empresas acompanhadas pelos analistas do Itaú BBA, 14 ultrapassaram as franquias e terão direito ao ressarcimento.

São cinco ativos da Auren, três da Engie, dois da Echoenergia, dois da CPFL, um da Serena e um da Neoenergia.

Retomada do bipolo de Belo Monte

Originalmente, a expectativa de retorno do linhão do Xingu era 2 de fevereiro, mas a State Grid informou que as condições climáticas na região atrasaram as obras.

Durante o primeiro dia do Programa Mensal da Operação (PMO) de fevereiro, realizada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), foi informada a possibilidade de atraso, mas a data oficial foi mantida, e por isso a indisponibilidade do linhão de Belo Monte não foi considerada na formação de preço de energia.

Passados 11 dias do prazo original, a State Grid ainda concluiu testes para retomada do linhão nesta quinta-feira, 13 de fevereiro.

Segundo o ONS, a indisponibilidade reduziu em 4 GW a capacidade de transmissão a partir da subestação Xingu, bem como os limites de transferência de energia do Norte e do Nordeste para o Sudeste.

Em nota enviada às 18h desta quinta-feira, a Xingu-Rio Transmissora de Energia (XRTE) informou que o bipolo Xingu-Rio voltou à operação normal, e de forma definitiva está integralmente à disposição do Operador Nacional do Sistema (ONS).

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