Os cortes de geração de empreendimentos eólicos e solares, conhecidos como curtailment, registraram o menor índice quando comparados aos três meses anteriores, mas ainda em patamares elevados: de 9% para eólica e 13% para solar.
Em relatório enviado a clientes, os analistas do Itaú BBA Marcelo Sá, Fillipe Andrade, Luiza Candiota, Victor Cunha e Ignacio Sabelle escreveram que a entrada de três novas linhas de transmissão no Ceará ajudaram a atenuar os efeitos dos cortes de geração em outubro.
Esta é a segunda edição do relatório de acompanhamento mensal do curtailment do Itaú BBA. Os analistas apontam, a partir de dados divulgados pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), que o corte por confiabilidade continua sendo o principal para ativos de geração eólica.
No caso da geração solar, o curtailment por razões energéticas representou mais da metade do total do mês para a fonte.
Novas linhas de transmissão
Em 16 de outubro, três novas linhas de transmissão iniciaram suas operações no estado do Ceará, uma das regiões mais afetadas pelo curtailment nos últimos meses, reduzindo significativamente o nível geral de corte.
As linhas de 500 kV e uma subestação foram responsáveis pela ampliação dos limites de intercâmbio do subsistema Nordeste. Assim, os limites para exportação ao Sudeste/Centro-Oeste passaram de 11.600 MW para 13.000 MW, com acréscimo de 12%, enquanto para o Norte aumentou de 29,1%, de 4.800 MW para 6.200 MW.
Com os novos ativos, o escoamento voltou a patamares semelhantes aos de antes do apagão de 15 de agosto de 2023.
Conforme dados do relatório do Itaú BBA, o nível de redução nos 14 dias seguintes à entrada em operação dessas linhas foi significativamente menor do que nos 14 dias anteriores: 534 GWh, representando 8,4% da geração total, em comparação com 730 GWh, representando 11,1% da geração total, respectivamente.
No estado do Ceará, a melhora foi mais pronunciada, escreveram os analistas, reduzindo de 90 GWh, representando 16,5% da geração total, para 31 GWh, representando 5,4% da geração total, após a entrada em operação das linhas.
O corte total após 16 de outubro variou de 1% a 12%, com o estado do Ceará apresentando a redução mais significativa, enquanto o estado do Piauí observou um aumento de 7% para 10%.
Por empresas
As novas linhas de transmissão levaram a uma redução significativa no corte total para CPFL, Engie e Alupar neste período, considerando a localização dos ativos, escreveram os analistas do Itaú BBA.
Por fonte, as empresas mais afetadas pelo corte da geração eólica em outubro foram a Renova, CPFL, Copel, Voltalia, Qair e Echoenergia. Para esta análise, o Itaú BBA considerou um impacto de redução de 20.000 MWh ou mais no mês.
Echoenergia, Essentia Energia, Ibitu Energia, Grupo Cobra, Comerc e Vale foram as empresas mais afetadas pelos efeitos da redução solar em outubro, na qual os analistas consideraram um impacto de restrição de 10.000 MWh ou mais no mês.
“No entanto, todas essas empresas experimentaram uma melhora sequencial no nível de redução”, escreveram os analistas do Itaú BBA.
Em teleconferência de resultados, a Echoenergia contou que os cortes saíram de uma média de cerca de 36% no período de julho a setembro para cerca de 16% em outubro. Os efeitos totais, contudo, ainda não foram vistos, e o cenário deve melhorar após a entrada de linhas de transmissão adicionais em outubro.