A Eletronuclear pretende assinar ainda este mês o contrato relativo a obras civis e parte da montagem eletromecânica da usina nuclear de Angra 3. A assinatura do documento marca a retomada das obras da terceira usina nuclear brasileira, interrompidas em setembro de 2015.
Segundo o presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, a expectativa é que, após a assinatura do contrato, as obras sejam iniciadas em dois a três meses. Apesar disso, nas próximas semanas, já deverá começar a mobilização de equipes e de equipamentos no complexo de geração de energia nuclear de Angra dos Reis, no litoral sul do Rio de Janeiro.
Guimarães participou de cerimônia de assinatura de acordo entre a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, na sigla em inglês) e a Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan), nesta segunda-feira, 19 de julho, na sede da associação, no Rio de Janeiro.
Conforme antecipado pela MegaWhat, sete empresas haviam apresentado propostas no processo de licitação para a contratação dos serviços de obras civis de Angra 3, no fim de junho. A empresa que apresentou a melhor proposta, cujo nome ainda não foi revelado, está tratando do processo de habilitação e ajustes junto à Eletronuclear.
A licitação faz parte do plano de aceleração do caminho crítico de Angra 3. Na prática, a ideia é adiantar algumas atividades de construção da usina, antes mesmo de a Eletronuclear contratar a empresa que irá empreender a obra principal, o que está previsto para ocorrer apenas em 2022. A expectativa do governo é que a terceira usina nuclear brasileira entre em operação em novembro de 2026.
Para a retomada das obras civis de Angra 3, a Eletronuclear já conta com R$ 1,052 bilhão liberados pela Eletrobras em 2020. Para este ano, estão previstos R$ 2,47 bilhões adicionais.
O índice atual de conclusão das obras de Angra 3 é de 65%. E estima-se que sejam necessários R$ 15 bilhões para concluir o empreendimento. Até o momento, já foram desembolsados cerca de R$ 7,8 bilhões no projeto.
Convênio
A retomada de Angra 3 está no radar do acordo assinado entre a AIEA e a Abdan, que envolve um convênio técnico entre as duas entidades para a difusão da indústria de geração de energia nuclear no Brasil. O acordo, a primeira parceria firmada pela agência internacional com uma entidade privada, foi assinado pelo diretor-geral da AIEA, o diplomata argentino Rafael Grossi, e o presidente da Abdan, Celso Cunha.
Durante o evento, Grossi destacou o diálogo com o setor privado e a importância sobre firmar parcerias na indústria de energia nuclear. A cerimônia contou com a participação de executivos de empresas do setor no Brasil.
O evento encerrou a agenda de compromissos de Grossi no país. Na última sexta-feira, o executivo visitou o complexo de geração de energia nuclear de Angra dos Reis e a fábrica das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), entre outros eventos. Nesta segunda-feira, Grossi também participou de evento comemorativo ao 30º aniversário da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC), em companhia do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, também no Rio.