A energia nuclear é fundamental para que as metas de redução de emissão de gases poluentes sejam atingidas em todo o mundo. “Qualquer forma de chegar aos objetivos do Acordo de Paris sem a energia nuclear será mais difícil”, disse Sama Bilbao y Leon, diretora-geral da Associação Nuclear Mundial, ao participar do evento Latin America Investment Conference, do Credit Suisse.
Segundo a especialista, para que a fonte nuclear possa ser aproveitada em seu potencial, os governos precisam de projetos claros de longo prazo, trabalhando junto ao mercado para garantir que os custos e benefícios da fonte sejam considerados de forma adequada.
“A fonte nuclear provê uma fonte segura, que reduz o preço da energia elétrica no sistema. É muito importante que os governos coloquem em prática medidas que valorizem a nuclear”, disse Bilbao y Leon.
O longo prazo é fundamental, segundo a presidente da entidade, uma vez que o investimento inicial da nuclear é muito mais alto do que para outras fontes, mas isso se compensa pela estabilidade e segurança na geração de energia durante um prazo muito maior.
“A energia nuclear garante energia confiável e segura. Sempre vemos problemas no Brasil por falta de chuvas, e a nuclear oferece essa confiança. As termelétricas são a reserva das hidrelétricas, mas elas poluem muito. Se a preocupação é com a poluição, as nucleares deveriam ser a principal alternativa”, disse Marcelo López, gestor de portfólio da L2 Capital.
Segundo o especialista, para que as metas de neutralidade de carbono sejam atingidas, a geração nuclear no mundo precisa crescer em 82%, com novos reatores em muitos países, como China, Índia e Estados Unidos.
No Brasil, por sua vez, há reservas significativas de urânio e pouco armazenamento. O problema, de acordo com López, é a baixa capacidade de fabricação do combustível nuclear, que passa pelo enriquecimento do urânio.
União Europeia
A diretora-geral da Associação Nuclear Mundial comentou ainda sobre a aprovação pela Comissão Europeia da inclusão de projetos a gás natural e energia nuclear na taxonomia de financiamento sustentável da União Europeia. A proposta, que ainda precisa ser aprovada pelos estados membros do bloco, pode facilitar investimentos nessas fontes por serem atrelados à transição para uma economia de baixo carbono.
“É excelente que a nuclear tenha sido incluída, mas tenho receios sobre como vamos implementar isso”, disse Bilbao y Leon.
Segundo ela, o texto proposto coloca algumas exigências que não são “ideais”, como exigência de uso de um combustível avançado, que não existe comercialmente ainda, e algumas limitações tecnológicas. “Essas exigências que infelizmente foram incluídas colocam a nuclear em desvantagem”, completou.