Geração

Brasil tem marco legal, mas não tem novos projetos de eólica offshore

Mesmo com marco legal aprovado, geração eólica offshore tem dificuldades para se viabilizar no país.
Mesmo com marco legal aprovado, geração eólica offshore tem dificuldades para se viabilizar no país.

Desde que o marco legal da eólica offshore foi sancionado, em 10 de janeiro, o Ibama não registrou nenhum pedido de licenciamento ambiental para um projeto de geração desta fonte.

O último pedido, referente a um projeto de 2,79 GW, da Arpoador Consultoria Energética, foi apresentado em 16 de dezembro do ano passado, poucos dias depois da aprovação do então Projeto de Lei 576/2021 pelo Senado, cercado de controvérsias em torno de jabutis.

No total, o Ibama tem mapeados 104 projetos, somando 247,35 GW em pedidos de licenciamento para geração eólica offshore apresentados desde 2019, sendo que os anos mais movimentados foram 2021 e 2022. Em 2023, a Petrobras liderou os pedidos de licenciamento, e em 2024 os processos praticamente não andaram.

O Ibama tem atualizado periodicamente a lista dos pedidos, e a última data de março, com o projeto da Arpoador, localizado no Rio Grande do Sul.

Antes, numa atualização do início de dezembro, a novidade foi a realização de pedidos da francesa EDF, somando 10,3 GW em cinco projetos de geração eólica offshore, localizados nos estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Sul.

Os pedidos de licenciamento ambiental cresciam em ritmo de “gigawatts” nos anos anteriores, quando ainda havia grande aposta desta indústria no Brasil, principalmente pelas empresas do setor de petróleo e gás, como a própria Petrobras.

O marco legal da eólica offshore, contudo, demorou para avançar no Congresso, e só andou efetivamente no fim de 2023, quando entraram na história os chamados jabutis, jargão do mundo político para emendas não relacionadas ao tema principal do projeto.

A mobilização do setor elétrico contra as emendas ganhou tempo, mas em dezembro de 2024, o texto passou pelo Senado carregado das emendas controversas.

Em 10 de janeiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 15.097, criando oficialmente o marco legal da geração eólica offshore, e vetou os artigos polêmicos.

Parte desses vetos foi derrubada ontem pelo Congresso Nacional, e podem acarretar custos de pelo menos R$ 200 bilhões na tarifa até 2050, sem falar em outras consequências, como aumentar o curtailment e inviabilizar a realização do leilão de reserva de capacidade.