Eólica

Casa dos Ventos negocia contratos para 1,5 GW em projetos eólicos

Divulgação Cemig
Divulgação Cemig

Depois de colocar de pé um complexo eólico de 504 MW de potência oferecendo contratos na modalidade de autoprodutor a consumidores médios e grandes de energia, a Casa dos Ventos já está negociando contratos para mais dois projetos que somam 850 MW.

“São 1,5 GW que estamos construindo para entrar em operação em menos de três anos, com investimento relevante de R$ 6,5 bilhões”, disse Lucas Araripe, diretor de Novos Negócios da companhia. Como os contratos com os consumidores são de longo prazo, a intenção da Casa dos Ventos é reter a participação e atuar como sócia operadora dos ativos.

Dona de um amplo portfólio de projetos de energia eólica, Casa dos Ventos desenvolveu para terceiros grande parte dos empreendimentos hoje em operação no país. Quando adquiriu a expertise em construir e operar os projetos, a companhia aproveitou oportunidades no mercado para vender os parques eólicos e reciclar capital.

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Foi no início de 2019 que a empresa fundada pelo empresário Mario Araripe começou a colocar em prática essa nova fase, ao fechar um acordo com a Vale para fornecer energia no longo prazo para o parque eólico Folha Larga Sul, em Campo Formoso, na Bahia, de 151,2 MW. A Vale se tornou sócia do emprendimento, se enquadrando como autoprodutora, categoria que da isenção de encargos setoriais, entre outras vantagens.

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Segundo Araripe, 28 das 36 turbinas do Folha Larga Sul já estão em operação e as restantes devem entrar em funcionamento nas próximas duas semanas.

Depois disso, a Casa dos Ventos vendeu participações – atreladas aos contratos de longo prazo de compra de energia – do complexo Rio do Vento para a multinacional de tecnologia Tivit, para a fabricante de calçados Vulcabras Azaleia, para a mineradora Anglo American e para a fabricante de baterias Moura. Todos são enquadrados como autoprodutores, com participações societárias proporcionais ao consumo.

O complexo foi dividido em oito sociedades de propósito específico (SPEs). A Anglo American, que tem consumo de 95 MW médios, ficou com três SPEs. A Moura, por sua vez, terá 15 MW médios e participação em uma SPE.

“É uma solução otimizada para a fonte eólica em grande escada sendo rateada entre vários consumidores. Assim, a autoprodução, que antes era um benefício restrito às indústrias gigantes que construíam hidrelétricas, pode ser acessada por empresas menores. É quase um condomínio de autoprodutores”, disse Araripe.

Todos esses projetos tiveram parcelas pequenas da energia vendida no mercado regulado por meio de leilões, o que garante o acesso à transmissão para escoamento de energia e pode facilitar a obtenção de licenças, por exemplo.

As vendas de participações nas SPEs do complexo Rio Vento foram concluídas, e a companhia já está negociando as negociações de contratos para a fase 2 do projeto, que terá também cerca de 500 MW de potência. Ambos ficam no Rio Grande do Norte (RN).

A Casa dos Ventos também está negociando contratos para o empreendimento de 350 MW que será construído na Bahia, e que completa o 1,5 GW mencionado por Araripe.

Segundo Araripe, a entrada do PLD horário a partir de 2021 não atrapalha os planos da companhia no mercado livre de energia, devido à qualidade do vento. “Escolhemos o projeto Rio do Vento porque o vento é muito forte e flat. Vendemos flat e geramos flat”, disse.

Os riscos de modulação, sazonalização e submercado são embutidos no preço oferecido aos clientes.

A companhia também avalia investir em projetos de geração solar fotovoltaica. “Não anunciamos nada, mas temos trabalhado muito em otimizar os projetos e conversar com fornecedores sobre a modelagem”, disse Araripe. A ideia também é vender a energia no mercado livre.

Para colocar todos esses projetos em operação e assumir o risco de construção, a companhia conta com recursos de bancos de fomento. Segundo Araripe, o projeto de Folha Larga teve financiamento do Banco do Nordeste (BNB), enquanto a fase 1 do Rio do Vento tem quatro SPEs com recursos do BNB e outras quatro do BNDES.

Não foram definidas as modelagens financeiras dos próximos projetos, que devem ficar prontos em 2023. Além de BNDES e BNB, a Casa dos Ventos considera a possibilidade de emitir debêntures, dependendo do rating do cliente que for adquirir a participação.

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