As fontes renováveis têm ganhado cada vez mais destaque nos diálogos sobre transição energética e práticas sustentáveis, principalmente no Brasil, onde representam cerca de 83% da matriz elétrica. Por este motivo, elas também desempenham um papel importante no que tange às inovações do setor elétrico, cuja demanda, segundo empresários, só vem crescendo.
Para Clarissa Sadock, CEO da AES, com a expansão do mercado livre, os clientes têm estado mais envolvidos nos processos relacionados a energia, demandando mais das empresas e entregas com maior qualidade. Isso se dá, principalmente, pela difusão das práticas ESG (sigla do termo em inglês Environmental, Social and Corporate Governance) e da retirada de subsídios para renováveis.
“Eles querem entender como a gente está construindo, como a gente está lidando com as comunidades. Então é uma evolução muito grande, tanto do ponto de vista técnico quanto do ponto de vista da demanda”, explica Sadock. Com essa mudança do aspecto comercial, as inovações vão sendo desenvolvidas e aumentam a competitividade das fontes.
O mercado livre, portanto, tem sido um lugar de competição e de novas ofertas, ao que Antônio Bastos, CEO da Omega Energia, afirma que a expansão de qualquer tipo de oferta no Brasil deve ser focada nas fontes renováveis. Para ele, esses modelos de oferta e demanda serão cada vez mais fluidos.
“Hoje, a demanda é muito grande, então as empresas fazem um grande esforço para ter um case muito sólido para oferecer o melhor preço para o cliente. Essa dinâmica competitiva de mercado livre faz com que a eficiência seja ainda melhor e o preço vá mais para baixo”, afirma Bastos.
Ambos os executivos falaram no painel Clean Energy and Innovation: Storage, Markets and Trends, da Latin America Investment Conference, evento realizado pela Crédit Suisse nesta quarta-feira, 2 de fevereiro.
No painel, também foi abordada a competitividade dentro das fontes renováveis, ao que Sadock afirma que “hoje, a gente vê a eólica mais competitiva, algo como 30% mais barata que a solar, por uma série de questões. Nesses dois anos de pandemia, o preço do frete subiu absurdamente, e isso impacta o preço da solar. O preço das commodities também subiu, sendo que as commodities da solar subiram cerca de quatro vezes, então isso reduz a competitividade dessa fonte”.
Entretanto, sobre esta questão, Sadock e Bastos concordam que a diversificação do portfólio gera mais valor, o que implica numa redução de volatilidade e de risco do portfólio das empresas, de forma que não há uma preferência entre fontes.