Eólica

De olho em avanço no mercado livre, eólicas vêem financiamento e riscos como desafios

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Temas entram em pauta em meio a debate sobre PLD horário e reflexos sobre fonte

Gestão de riscos e financiabilidade de novos projetos são alguns dos desafios que a geração eólica enfrenta no mercado livre, num cenário de mudanças com a iminente vigência do preço horário, entre outros pontos. Como superar esses entraves e buscar a evolução do mercado eólico são questões que foram debatidas num painel realizado no Brazil Windpower, na última semana.

A gestão do risco, por sinal, permeou o debate, com o enfoque de que as comercializadoras são os agentes mais preparados para lidar com o tema. No entanto, na visão de Ana Carla Petti, diretora da MegaWhat, as questões-chave situam-se em quem assume os riscos e como eles são precificados.

Ela destacou que os contratos de energia de eólicas aproximaram-se dos praticados no mercado livre quando passaram a ser negociados na modalidade quantidade, como hidrelétricas. Para ficar exatamente igual a um contrato do ACL, “o gerador deveria aceitar outros tipos de sazonalização e modulação, diferentes da curva de entrega”, acrescentou Ana Carla, para quem a curva de geração poderia se aproximar com a de consumo.

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Cláudio Ferreira, diretor de Novos Negócios da Echoenergia, concordou adicionando que os contratos por quantidade de energia trouxeram um impacto imediato na estrutura de financiamento, uma vez que os bancos não precisavam enxergar a variação mensal do vento, o que reflete diretamente na análise de risco, ao se verificar se a usina está entregando 100% da geração contratada.

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Um consenso entre os participantes do painel, por sinal, é o de que as eólicas encontraram no mercado livre um espaço para expansão da oferta, contribuindo para atingir a atual marca de 15 GW de capacidade instalada.

No entanto, ainda que com avanços verificados nos últimos anos, o financiamento de projetos eólicos contratados no ambiente de contratação livre (ACL) ainda é considerado uma barreira, especialmente no atual cenário, que terá um BNDES “bem mais magrinho”, como disse o presidente do banco, Joaquim Levy, em um outro painel no mesmo evento.

Lisboa, da Delta Energia, ressaltou que “o BNDES já está mais ativo para financiar o mercado livre” e que grandes geradores conseguem apresentar garantias corporativas na contratação de crédito no banco de fomento. Já o sócio-diretor da Ecom Energia, José Maurício Carvalho, o momento é de busca de soluções para alavancagem no mercado livre, como criação de mecanismos de pré-pagamento. Ele revelou que geradores têm contatado a Ecom em busca de novas soluções para mitigação de risco e

Ricardo Suassuna, diretor da Matrix Energia, observou que entre os interesses de geradores e de consumidores existe uma assimetria muito grande, e quando se trata de relacionar os dois ambientes de contratação, o mercado livre é mais pragmático do que o regulado, onde o consumidor pode encontrar mais “flexibilidade” e mais “paternalismo” na entrega da energia.

A existência de flexibilidades, de acordo com o executivo, implica na existência de riscos de que precisam ser precificados, a fim de se obter o casamento entre o contrato e a performance de dados. “Flexibilidade implica em maior sofisticação do mercado”, destacou.

Em um outro momento do debate, Ana Carla, da MegaWhat, ponderou que o risco de submercado, aspecto presente em avaliações no mercado livre, é algo inevitável, mas uma forma de minimizá-lo está na forma que se detalhará a transmissão e a adoção de medidas como os leilões regionais, porém as restrições operativas abrem espaço para a criação de produtos que assegurem direitos de transmissão para os agentes de mercado.

“É uma decisão de se criar instrumentos, mecanismos como direitos de transmissão, para mitigar riscos de submercado, dada a volatilidade de preços nestes subsistemas”, ressaltou a executiva.

PLD horário

Outro fator, destacou, é a entrada em vigor do PLD horário, que soma um risco para as eólicas, especialmente pelo fato delas serem intermitentes e com maior geração à noite, quando o preço é mais baixo.

“Quando se olha o preço horário em janeiro de 2020, sem cálculo de impacto para eólicas, isso pode destruir uma indústria”, afirmou Ferreira. Ricardo Lisboa, sócio-diretor da Delta Energia, apresentou um estudo de caso de uma eólica no Nordeste que em linhas gerais apresentou um ganho da ordem de R$ 32 mil contra prejuízo estimado de R$ 90 mil no mês com a vigência do PLD horário.

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