Eólica

Eólica offshore deve superar desafios regulatórios, ambientais e de logística

A eólica offshore já bate à porta do país como nova fronteira para expansão e exploração da energia dos ventos. Entretanto, executivos ressaltam que é necessário superar o arcabouço regulatório específico para implantação dos empreendimentos, bem como a maior complexidade do licenciamento ambiental desses projetos e dos entraves da cadeia logística.

“No Brasil está aberta uma boa pauta discussão para criação de uma regulação e de toda a parte de licenciamento ambiental. E o país, sendo esse grande laboratório, a gente pode esperar que a offshore seja uma realidade dentro dos próximos, não sei se será no curtíssimo prazo, até porque você ainda tem, olhando a eólica onshore, 15 GW a 17 GW, desenvolvidos no Brasil, com qualidade de offshore”, disse Eric Rodrigues, diretor de Vendas da Vestas.

Na última quinta-feira, 29 de outubro, a Vestas integralizou sua participação na joint venture com a Mitsui Heavy Industries, que antes era uma sociedade 50%/50%. A compra da parte da Mitsui ainda está sujeito à aprovação dos órgãos econômicos, que é esperada para ocorrer ainda em 2020.

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Os executivos, que participaram de painel do Brazil Windpower, ressaltaram que é inquestionável o potencial offshore em mais de 7 mil quilômetros da costa brasileira, e onde a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima ter 700 GW de capacidade instalada para a geração de energia em alto-mar. 

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Brian Pitel, diretor de Supply Chain para Onshore Wind da GE, também concorda com o grande potencial, mas avalia que o país ainda tem grandes oportunidades no Nordeste para onshore, além de precisar estruturar e planejar a cadeia logística para máquinas maiores, de 13 GW, da eólica offshore.

“A cadeia em si precisaria fazer investimentos nas dimensões da offshore, que é maior do que estamos desenvolvendo hoje. Algumas (indústrias) da cadeia já estão localizadas perto da costa, que facilitaria a transferência pelos portos para minimizar os custos de logística para uma operação como esta. Vejo grandes conquistas no onshore antes de atacar uma parte significativa do offshore”, disse Brian Pitel.

Outros aspectos ainda devem ser considerados antes de se estudar projetos de eólica offshore, segundo João Paulo Silva, diretor-superintendente da WEG Energia. “Temos ventos muitos bons no Nordeste sem a dificuldade de ser offshore e beneficiando a população que mais precisa de ajuda no país, que é a do interior do Nordeste. O empreendimento offshore não traria o mesmo benefício social”, lembrou Silva da WEG.

Do ponto de vista do planejamento, para Thiago Barral, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), os desafios para a fonte eólica offshore, estão em como acomodar o grande bloco de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) que chegará da costa, tendo em vista a grande capacidade desses projetos.

“Precisamos planejar o sistema com antecedência. Planejar subestações sobretudo em terra para dar conta da chegada dessa geração, e conhecer a localização e a escala dos projetos. Do restante não tem nada insuperável, ou desafio que não tenhamos superado.

Ainda segundo Barral, questões de transmissão não são insuperáveis, sejam quanto à tecnologia ou quanto à interligação dos parques à costa brasileira. “Não vemos nada que a engenharia não tenha resolvido de forma confiável”, disse Barral.

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