Eólica

EPE inicia discussão sobre fim da vida útil de equipamentos de mais de 50 parques eólicos

Os primeiros projetos eólicos contratados pelo Programa de Incentivos de Fontes Alternativas (Proinfa) estão próximos de atingir os 20 anos de vida útil recomendados em normativos técnicos. Até 2030, mais de 50 parques alcançarão a faixa dos 20 anos de operação, representando mais de 600 aerogeradores e uma potência instlada total de 940 MW.

Por isso, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) divulgou nota técnica com as primeiras discussões para esses projetos e as experiências internacionais sobre o tema. Entre as ações possíveis, está a manutenção, modernização ou descomissionamento dos equipamentos instalados.

No caso da modernização de um parque eólico, o empreendedor pode optar pela extensão da vida útil operacional das turbinas, ou pela repotenciação total ou parcial. Da mesma forma, há a opção de descomissionamento parcial ou total do parque.

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Para verificar os ganhos de geração, a EPE realizou uma simulação de repotenciação total de um parque com potência instalada de 42 MW. Representando os parques antigos, considerou modelos de aerogeradores com 80 metros de altura do hub, e potência de 0,81 MW e 1,5 MW. Já para um parque novo, a altura do hub foi simulada a 120 metros e 4,2 MW de potência.

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Nos ensaios, foi possível observar um aumento médio entre 21 e 28 pontos percentuais no fator de capacidade para o litoral do Nordeste. Assim, um parque instalado com a tecnologia atual geraria, em média, de 58% a 96% a mais que os parques antigos, com uma quantidade menor de turbinas.

Já no litoral do Sul, a simulação indicou um aumento entre 13 e 18 pontos percentuais no fator de capacidade do novo parque e aumento de geração, em média, 42% a 70%.

O que fazer com os contratos? 

A nota técnica indica uma série de configurações possíveis que deverão ser avaliadas pelo empreendedor e, por isso, reforça a importância de se definir claramente o processo regulatório a ser seguido pelos empreendedores, pois a opção terá impacto direto no planejamento energético.

Um exemplo citado no estudo foi a extensão da vida útil do parque com a substituição por um aerogerador com maior potência. Nesse caso, assim como ocorre atualmente para usinas termelétricas, o empreendedor poderia vender a energia no mercado regulado por meio de leilões de energia existente.

Uma regulamentação específica também é necessária para os casos em que os titulares dos projetos optarem pelo descomissionamento. A possibilidade dessa opção varia conforme cada contrato, podendo ou não considerar o descarte dos equipamentos e devolução do terreno para o poder público, além de acesso ao sistema de transmissão.

Sobre os parques no Brasil 

Os primeiros parques instalados no país possuem turbinas com 0,5 MW de potência unitária e menos de 50 metros de altura do cubo e de diâmetro do rotor. As turbinas instaladas em 2019 possuem, em média 2,4 MW de potência, 95 metros de altura do cubo e 112 m de diâmetro do rotor.

Ao analisar os parques habilitados para participar dos leilões em 2019 a diferença é ainda maior: em média, a potência unitária das turbinas foi de 3,2 MW e alguns projetos apresentaram turbinas de mais de 5 MW de potência; os diâmetros apresentaram uma média de 128 metros e a altura do cubo média de 111 metros.

Experiências na Europa

Para o mercado europeu, a EPE cita levantamentos do relatório Wind Energy in Europe Outlook 2023, que mostra que dos cerca de 22 GW de projetos eólicos que atingirão 20 anos entre 2019 e 2023, 18 GW terão sua vida útil estendida, 2 GW serão descomissionados e 2 GW serão repotenciados, aumentando a potência instalada.

O maior incremento potencial em modernização de parques eólicos ocorreu na Alemanha, havendo outras iniciativas repotenciação também na Espanha e Grã-Bretanha. De acordo com o relatório, as regras ambientais atuais são mais restritivas do que na época de instalação dos primeiros parques eólicos, dificultando a repotenciação em muitos locais.

Na Alemanha cerca de 40% dos projetos existentes não serão elegíveis para repotenciação por conta de mudanças regulatórias e, possivelmente, terão sua vida operacional estendida ou serão descomissionados.

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