Crise nas éolicas

Fitch rebaixa rating da Aeris e alerta para possível inadimplência

Fábrica da Aeris no Ceará está com capacidade ociosa, diante da falta de novos contratos em meio à crise da indústria eólica
Fábrica da Aeris no Ceará está com capacidade ociosa, diante da falta de novos contratos em meio à crise da indústria eólica | Foto: Divulgação

A agência de classificação de riscos Fitch rebaixou o rating de longo prazo da Aeris de “BBB” para “C”, apenas um degrau acima dos níveis de default. Segundo a agência, o rebaixamento reflete os acordos fechados pela fabricante de pás para geração eólica para suspensão temporária da dívida com credores.

“A empresa já está renegociando suas dívidas com os credores, o que, na opinião da Fitch, indica que um processo semelhante ao de inadimplência foi iniciado”, diz o comunicado da agência.

As agências de rating analisam a situação financeira de organizações, países, estados e até municípios, a fim de atribuir uma classificação de risco, usada para indicar a capacidade do emissor de honrar suas obrigações financeiras. Pelas classificações usadas pela Fitch, o rating “C” é para um “quase calote” e indica que um processo de inadimplência começou e a capacidade de pagamento está prejudicada.

A percepção de piora da situação financeira da empresa vem gradualmente desde o ano passado. Em 4 de dezembro, a Fitch rebaixou o rating da Aeris de “A”, que indica alta qualidade de crédito e baixa probabilidade de inadimplência, para “BBB”, que indica qualidade de crédito boa e ainda baixo nível de default.

Na ocasião, a agência de ratings justificou a piora na avaliação pelos problemas pelo qual a cadeia produtiva de aerogeradores do país passa, e seus impactos negativos no fluxo de caixa e na receita da Aeris.

Negociações com credores e demanda pressionada

Desde então, a situação da fabricante de pás se deteriorou e a empresa precisou convocar os credores para pedir a suspensão dos prazos de pagamento de obrigações, enquanto iniciou conversas para reestruturação das suas dívidas.

“A menor demanda por pás de rotores de aerogeradores, no Brasil e globalmente, dificulta a recuperação dos negócios da Aeris. A empresa vivencia uma queda nos projetos de geração eólica no país, com consequente saída ou encerramento de atividade dos fabricantes de aerogeradores que utilizavam suas pás. Atualmente, a Aeris possui apenas um cliente, o que representa um fator de risco para os seus negócios”, destacou a Fitch.

Se a Aeris deixar de pagar as dívidas postergadas para 28 de fevereiro, poderá ter o rating rebaixado mais um degrau, para “RD”, que significa “inadimplência restrita”. Negociações em termos desfavoráveis aos credores também levariam o rating a “RD”, enquanto um pedido de proteção contra falência resultaria no rebaixamento para “D”, que significa calote.