Governo da Bahia aposta em retomada de fábrica 'hibernada' de torres eólicas

O governo da Bahia aposta que o início das obras do Complexo Eólico Jacobina, de mais de 400 MW, vai permitir a retomada das operações da TEN Torres Eólicas, com planta fabril localizada também no município de Jacobina.

O complexo, da EDF Power Solutions, terá 427,5 MW, com investimentos previstos de R$ 1,7 bilhão e expectativa de gerar cerca 1.140 empregos diretos e indiretos, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia.

À MegaWhat, o presidente da TEN Torres Eólicas, José Alberto, disse que “a fotografia do momento ainda é a hibernação da fábrica”, iniciada há cerca de 18 meses, mas confirmou que há tratativa para um contrato e que envolve a chinesa Goldwind e a EDF.

“Isso é música para os ouvidos dos desenvolvedores, da turma que tem projetos nessa região do Oeste [do estado]. Acreditamos que isso vai viabilizar, com mais força ainda, uma nova indústria no Oeste da Bahia, com mais perspectiva, para fortalecer a oferta de energia de qualidade para as indústrias”, disse Tarcísio Branco, diretor de Fomento à Indústria de Energias Renováveis e Interiorização do Desenvolvimento, durante cerimônia de inauguração de eólica da Enel Green Power.

A expectativa do governo baiano é que as obras do Complexo Eólico Jacobina tenham início nos primeiros meses do segundo semestre de 2025.

“Trata-se de um projeto com expectativa de fortalecer a cadeira produtiva de energia renovável no estado da Bahia, num momento resiliente para o setor. A Bahia oferece os melhores fatores de capacidade para projetos eólicos, no entanto os desafios por infraestrutura, linhas de transmissões e atração de carga para o sistema, são desafios de interesse nacional”, disse o diretor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado à reportagem.

Em nota, a EDF Power Solutions disse apenas que “ainda não tem contrato assinado” com as empresas.

Retomada em momento de retração

A possibilidade de retomada da produção da fábrica de torres eólicas vem na contramão dos recentes anúncios da cadeia no Brasil.

Com apenas um cliente e num contexto de mercado sem demanda por novos contratos de geração eólica, a fabricante de pás Aeris Energy realizou a demissão de 700 funcionários em fevereiro. Três meses depois, a empresa assinou contrato com bancos para refinanciamento de suas dívidas, alcançando 90% do total.

No mesmo mês, a GE Vernova anunciou o fechamento da fábrica de pás eólicas da sua subsidiária LM Wind Power localizada no Porto de Suape, no estado de Pernambuco. A expectativa com o encerramento das atividades da fábrica era de 1 mil demissões.

Segundo a GE Vernova, o fechamento da planta ocorre em função da queda da demanda no mercado latino-americano. “Esta foi uma decisão difícil, e estamos totalmente comprometidos em apoiar nossos funcionários impactados e faremos tudo o que pudermos para fornecer a eles benefícios abrangentes de rescisão e transição”, declarou a empresa em nota.