O estabelecimento de um marco regulatório adequado pode garantir estabilidade e competitividade para a indústria de geração eólica offshore, inclusive para assegurar demanda no futuro. Segundo executivos do setor, com uma regulação robusta, a fonte pode viabilizar contratos no mercado livre de energia e contribuir para o fornecimento de hidrogênio verde.
“A nossa preocupação é construir um marco regulatório que nos dê segurança”, afirmou Laura Porto, diretora executiva de Renováveis da Neoenergia, nesta quinta-feira, 29 de setembro, durante painel na Rio Oil & Gas, no Rio.
“A eólica offshore não deveria ser olhada como uma mera fonte de energia”, disse Rogério Zampronha, presidente da Prumo Logística, destacando o potencial de a tecnologia contribuir para a descarbonização de grandes indústrias eletrointensivas, como siderúrgicas e companhias de produção de alumínio.
A Prumo e a Neoenergia assinaram ontem memorando de entendimento para o desenvolvimento de estudos para a produção de hidrogênio verde no Porto do Açu, no norte do Rio de Janeiro. O acordo também contempla a realização de estudos para a geração eólica offshore naquela região do litoral fluminense, incluindo aspectos socioeconômico, ambientais, cadeia de suprimentos e logística do complexo industrial e portuário.
“Vamos estabelecer marcos, com planos de trabalho, com objetivos. E naturalmente a parte ambiental será a primeira a ser abordada. E desenvolver a parte logística e verificar os acessos”, disse Porto, sobre o acordo com a Prumo, lembrando que a Neoenergia possui um projeto de 3 gigawatts (GW) na região.
“Todas as condições para essa indústria florescer estão dadas no nosso local”, acrescentou Zampronha, da Prumo.
Presente ao evento, o presidente da EDF Renováveis para o Brasil e vice-presidente da área na América Latina, André Salgado, destacou a importância da criação de condições de competitividade para a fonte eólica offshore no Brasil. Segundo ele, o Brasil hoje vive uma discussão sobre eólicas offshore semelhante ao que ocorreu com as eólicas onshore, nas últimas décadas.
Hoje, a EDF Renováveis possui 1,3 GW de capacidade instalada de eólicas offshore operando globalmente, além de outros 1,5 GW em construção e 10 GW em desenvolvimento. “Estamos nos posicionando no Brasil. Queremos ser um ator protagonista na eólica offshore no Brasil”, disse Salgado, acrescentando que a companhia estuda replicar em outras regiões do país acordo já firmado também com a Prumo.
Essas parcerias, como as firmadas com a EDF e a Neoenergia, segundo Zampronha, são importantes para assegurar uma base logística e uma estrutura portuária robustas para a cadeia de eólica offshore e de produção de hidrogênio verde. O executivo lembrou que cerca de 40% do orçamento de investimento de um projeto de geração eólica offshore é relativo a custos logísticos.
Nessa discussão, André Leite, da Equinor, ressaltou ser necessário criar condições de redução de custos para a fonte no país. A companhia norueguesa planeja investir US$ 23 bilhões em renováveis globalmente nos próximos cinco anos.