A geração eólica e solar geraram quase 30% (386 TWh) da demanda energética da União Europeia (UE) no primeiro semestre do ano, conforme relatório do think tank Ember. O volume superou pela primeira vez a geração fóssil, que caiu 17% no período em relação a mesma fase de 2023 e chegou aos 343 TWh, sendo responsável por 27% da demanda na etapa.
A mudança no quadro energético do bloco aconteceu depois de dois anos seguidos de queda na demanda causada pela crise no mercado de gás, devido a pandemia e a guerra na Ucrânia. Para Chris Rosslowe, analista da Ember, a ascensão da energia eólica e solar pode ajudar a reduzir o papel dos combustíveis fósseis na geração.
“Estamos testemunhando uma mudança histórica no setor de energia e isso está acontecendo rapidamente. Se os estados-membros conseguirem manter o ritmo na implantação de energia eólica e solar, então a liberdade da dependência de energia fóssil realmente começará a aparecer”, afirmou Rosslowe.
A UE contabilizou uma queda de 24% na queima de carvão e de 14% na queima de gás no período, mesmo com a recuperação da demanda em 0,7% no período. Como resultado, as emissões do primeiro semestre do ano estão quase um terço (-31%) menores do que no primeiro semestre de 2022, o que foi classificado pela Ember como “um declínio sem precedentes em um período tão curto”.
Já a geração solar cresceu 20% (+23 TWh) e a eólica aumentou 9,5% (+21 TWh) em comparação com os seis primeiros meses de 2023. Combinadas, as fontes eólica e solar cresceram 13% (+45 TWh). A energia hidrelétrica subiu 21% (+33 TWh), depois de secas que resultaram em produção baixa nos dois anos anteriores.
Segundo o relatório, o desempenho das renováveis é justificado pela inserção de novos parques, pelas condições climáticas favoráveis e pela recuperação da geração hidrelétrica, que fez com que as renováveis gerassem metade da eletricidade da União Europeia no 1º semestre de 2024 – superando o recorde anterior de 44%.
Juntas, a energia eólica e a fotovoltaica ultrapassaram a geração fóssil em 13 dos 27 países do bloco, com a Alemanha, a Bélgica, a Hungria e a Holanda atingindo o marco pela primeira vez em 2024.
Apesar do recorte, o think tank afirmou que para sustentar a transição enérgica, a UE precisa manter suas políticas públicas e aliviar as barreiras para a integração de novos parques eólicos e solares, por meio do suporte adequado em conexões de rede e de outros facilitadores de desenvolvimento.