A pior hidrologia dos últimos 90 anos, segundo acompanhamento do Operador Nacional do Sistema (ONS), tem prejudicado a geração hidrelétrica – desde outubro de 2020 – por conta da recessão na precipitação e nas afluências, principalmente nos submercados Sudeste/Centro-Oeste e Sul. Os dados foram apresentados durante a reunião do Programa Mensal da Operação (PMO) desta quinta-feira, 29 de abril.
O resultado é uma redução da geração hidráulica de aproximadamente 3 GW médios nesses subsistemas, e a manutenção do despacho termelétrico fora da ordem de mérito, mesmo que em menor valor que o registrado nos meses anteriores, para preservação dos reservatórios e segurança energética.
Segundo o operador, houve redução de 1,1 GW médios na geração térmica por garantia energética – na comparação com o mês de março – assim como ocorreu redução do despacho fora da ordem de mérito, deliberado pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), em cerca de 200 MW médios.
Vale destacar que as termelétricas de Angra I e Araucária entraram em manutenção, impactando na oferta de geração. Também houve redução dos valores de importação da Argentina e do Uruguai em comparação com os meses anteriores.
No caso do atendimento à carga, o Sudeste teve uma redução próxima a 3,2 GW médios na geração hidráulica, para minimizar os impactos em diversas bacias, com a entrada do período seco. Sobre os níveis dos reservatórios, a acumulação está 19,7% menor do que o registrado em abril de 2020.
A redução das afluências impactou negativamente a geração hidráulica no submercado Sul, ficando acima de 3 GW médios, resultando em maior importação de energia para este subsistema. Sobre o reservatório do Sul, o volume está 41,5% maior comparando com o mesmo período do ano passado.
Apesar da volatilidade durante abril, houve recuperação da geração eólica no Nordeste neste mês. Além disso, houve pequena elevação de geração hidráulica por conta da operação do reservatório de Sobradinho dentro da faixa normal de operação.
O Norte atuou como um grande suporte de recurso energético para o restante do SIN, com excedentes energéticos e vertimentos turbináveis. No entanto, o ONS já aponta uma pequena redução da geração hidráulica no mês de abril.
Política de operação
O operador seguirá uma política de recuperação do armazenamento do Sudeste, Sul e Nordeste, com a minimização da geração na bacia do rio Paraná e exploração do intercâmbio com o Norte e Nordeste.
Também há expectativa de flexibilização das vazões mínimas defluentes do baixo Jupiá nas hidrelétricas de Jupiá e Porto Primavera, buscando condições de armazenamento menos desfavoráveis nos reservatórios da bacia.
Os valores de defluência mínima previstos para essas duas usinas em maio passam a ser considerados nos meses de junho até outubro. Sendo eles de 3.700 m3/s em Jupiá e de 4.300 m3/s em Porto Primavera. Ainda existe a expectativa de redução para 2.500 m3/s em Jupiá e 3.300 m3/s em Porto Primavera, com vigência até dezembro de 2021.
Segundo o operador, até o momento, os planos de trabalho apresentados foram insuficientes para que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) avaliar os reais impactos.