As geradoras Engie, SPIC Brasil, GE Renewable Energy e a International Hydropower Association (IHA), enviaram carta aberta ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, com recomendações para destravar o desenvolvimento da geração no país, e retomar a expansão das hidrelétricas no Brasil, que hoje tem escassez de novos projetos de grandes e médias usinas.
No documento, as empresas listaram uma série de possível medidas que poderiam ser tomadas pelo Ministério de Minas e Energia (MME), entre elas, o potencial de difusão das hidrelétricas de médio porte. As geradoras defendem que, devido a menor complexidade de licenciamento ambiental dessas unidades, poderia ocorrer maior dinamismo no setor, ajudando até na expansão da geração renovável no Brasil.
Outra recomendação da carta sobre a padronização dos processos de desenvolvimento, implantação, financiamento e operação de UHEs no âmbito da sustentabilidade.
Melhorias na regulamentação da remuneração das hidrelétricas e reservatórios por seus serviços ancilares, como flexibilidade, despacho e armazenamento, viabilizando as fontes intermitentes de energia, também é citada no documento.
A Engie, SPIC Brasil, GE Renewable Energy e a IHA ainda propõem a promoção de projetos para concessão, visto que, sem os devidos estímulos, financiamento e garantia de reembolso do investimento nos estudos, as empresas de engenharia e investidores-operadores não elaboram essas análises e, consequentemente, não há novas concessões.
Por fim, as geradoras sugeriram o aumento da capacidade hidráulica das 51 centrais em funcionamento há mais de 30 anos, por meio da modernização das UHEs. Com os aprimoramentos, as empresas apontam um crescimento de 5% a 20% da capacidade instalada nas unidades. O documento ressalta ainda que esta possibilidade já foi, inclusive, apontada em estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
“O Brasil tem uma vantagem enorme em sua transição energética. Dos mais de 70 GW de capacidade hidrelétrica da América do Sul, grande parte é do Brasil e tem mais de 30 anos em operação. Isso representa uma grande oportunidade para modernização das unidades, além de novos negócios neste segmento por meio de novas usinas médias. Estamos prontos para ajudar a desenvolver um sistema elétrico sustentável, moderno e acessível”, afirma o diretor-executivo da IHA, Eddie Rich.
Para Gil Maranhão, diretor de Comunicação e Responsabilidade Corporativa da Engie Brasil e conselheiro da IHA, o país precisa investir no desenvolvimento desta modalidade para garantir a segurança do sistema, enquanto, paralelamente, as fontes renováveis como eólica e solar se expandem.
“Nosso objetivo é discutir e propor uma regulação que permita a instalação de mais turbinas em usinas existentes, quando houver a possibilidade, como é o caso da Usina Hidrelétrica São Simão, que completa 45 anos em 2023 e passa por um robusto processo de digitalização e modernização. À medida em que digitalizamos as hidrelétricas, podemos trabalhar uma potência maior e imaginar sua expansão, desde que a regulação permita. Temos atuado fortemente para demonstrar o ganho para o país a partir desses investimentos.”, afirma Adriana Waltrick, CEO da SPIC Brasil.
Já Cláudio Trejger, CEO da divisão de Hydro da GE Renewable Energy na América Latina, defende que o Brasil deve retomar a construção de novas UHEs.
“Uma vez que elas [hidrelétricas] trazem energia mais flexível e sustentável para toda a rede elétrica nacional. Além disso, há tecnologias avançadas disponíveis para investirmos nas UHEs já existentes, a fim de reduzir custos e otimizar as operações, possibilitando a geração de mais energia limpa, confiável e competitiva para o país”.