Hídrica

Hidrelétricas aderem à sazonalização média no MRE em 2021

Hidrelétricas aderem à sazonalização média no MRE em 2021

A maioria das hidrelétricas do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) decidiu não declarar uma sazonalidade para 2021, optando por seguir o perfil médio declarado. De acordo com dados preliminares disponibilizados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), houve declaração de sazonalização de cerca de 18,7 GW médios, 47% do que era passível de declaração, em perfil semelhante ao declarado em 2020: mais garantia física nos meses com menos chuvas. Os 53% restantes optaram por seguir o perfil médio declarado.

Segundo a MegaWhat Consultoria, o montante sazonalizado é menor que o registrado em 2020, quando pouco mais de 70% da energia passível de declaração teve sazonalização informada pelo agente gerador. Os dados ainda são preliminares, e o fator definitivo deve ser conhecido até 18 de janeiro de 2021.

No início de dezembro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) alterou as regras do MRE, permitindo alívio da exposição financeira eventualmente causada pela alocação de energia secundária originária de submercado distinto do submercado de localização da usina receptora.

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Como a nova regra vale para usinas que sigam a sazonalização média do MRE, por opção ou por obrigatoriedade, este pode ser um dos motivos pelo qual as hidrelétricas decidiram seguir a média no próximo ano.

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Fonte: CCEE // Formatação e Análise: MegaWhat

Hoje, as usinas integrantes do MRE somam cerca de 58 GW médios de garantia física. Desse total, aproximadamente 39 GW médios podem declarar a sazonalização – ou seja, 68% do total. As usinas que não podem sazonalizar e precisam seguir o perfil médio declarado incluem as cotistas e Itaipu.

Mesmo com menos usinas aproveitando o mecanismo em 2021 por meio da declaração de sazonalidade, o perfil ficou semelhante ao deste ano, com maior concentração de garantia física das hidrelétricas no período seco.

De acordo com a MegaWhat Consultoria, o perfil deste ano e do próximo é o inverso do perfil de geração média do MRE dos últimos cinco anos, e tem provocado geração de energia secundária em alguns meses no período úmido. O problema é que, na prática, essa energia secundária é fictícia, já que a geração total das usinas do MRE em 12 meses do ano tem sido menor que a totalidade de garantia física, com GSFs médios anuais da ordem de 80%.

Fonte: CCEE // Formatação e Análise: MegaWhat

Justamente por isso, a Aneel fez outra alteração na regra de sazonalização da garantia física do MRE, para aprimorar o sistema e reduzir as distorções. Entre 2022 e 2026, as usinas que podem sazonalizar deverão usar o perfil de geração média do MRE dos últimos cinco anos, limitado entre 80% e 120% desse perfil, mantendo o valor da garantia física anual.

A partir de 2027, a mudança será mais acentuada: nenhuma usina poderá declarar a sazonalização para fins do MRE, devendo obrigatoriamente seguir o perfil médio de geração.

GSF

A partir da revisão zero do Plano Mensal de Operação (PMO) de janeiro de 2021 e do fator de sazonalização preliminar da garantia física, a MegaWhat Consultoria projetou o GSF esperado para 2021, que deve ser, em média, de 81%. 

Contudo, por conta da sazonalização adotada por parte das hidrelétricas, deve haver energia secundária em março, abril e maio. Em agosto, por sua vez, é esperado o menor GSF do ano, de 59%.

Fonte: MegaWhat

Se as novas regras da Aneel já começassem a valer e a sazonalização considerasse o perfil médio de geração do MRE, como vai acontecer a partir de 2027, não haveria energia secundária em 2021. A diferença que já vale é que quem optar por seguir o perfil médio vai ter alívio da exposição financeira decorrente da alocação de energia secundária.

Gostou da análise? Para obter mais informações sobre a sazonalização do MRE, envie um e-mail para [email protected] e saiba como ter acesso aos nossos especialistas. 

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