O nível do rio Madeira, medido em Porto Velho, Rondônia, reduziu 35 cm nos últimos sete dias e chegou à marca de 2,56 metros (m) nesta terça-feira, 30 de julho, segundo monitoramento do Serviço Geológico do Brasil (SGB). De acordo com o órgão, essa cota já é a mínima para o período, já que na mesma época do ano passado a cota era de 4,56 m, sendo que a média esperada seria de 5,8 m.
A redução foi causada pelas precipitações abaixo da média no período chuvoso, de novembro a abril. Para o SGB, o cenário deve continuar a se agravar até o início da estação chuvosa e a seca pode ser tão severa quanto a observada em 2023, quando o Madeira registrou a cota mais baixa da história: 1,10 metro no dia 6 de outubro de 2023.
“Como não há previsão de chuvas significativas, nossos modelos hidrológicos de chuva-vazão preveem a continuidade da vazante pelas próximas semanas. Em termos de níveis mínimos, a situação deve ser pelo menos tão grave quanto os últimos anos têm sido, com cotas frequentemente atingindo níveis abaixo de 2 metros”, afirmou o pesquisador em geociências do SGB Marcus Suassuna, responsável pelo Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Madeira.
Suassuna destacou ainda que outra preocupação é em relação ao tempo em que a estiagem se prolongará.
“O rio chegou em níveis baixos muito cedo e, se houver um atraso no início da estação chuvosa, o Madeira pode permanecer por muito tempo com restrições à navegação, o que pode provocar impactos para a disponibilidade hídrica e principalmente para a navegação”, completou.
Escassez hídrica no Madeira
Nesta segunda-feira, a diretoria da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) aprovou as declarações de situação de escassez quantitativa de recursos hídricos nos rios Madeira e Purus e seus afluentes até 30 de novembro, mas pode ser prorrogada ou suspensa em função das condições hidrológicas e seus efeitos observados no curso do rio.
O rio Madeira é um dos afluentes do rio Amazonas pela margem direita. Duas importantes hidrelétricas estão localizadas no rio Madeira: Jirau e Santo Antônio, ambas com operação a fio d’água e que totalizam potência instalada de 7.318MW, o que corresponde a 6,7% do Sistema Interligado Nacional (SIN). Em outubro de 2023, a Santo Antônio Energia interrompeu, excepcionalmente, a operação da hidrelétrica Santo Antônio (3.568,3 MW), após registrar redução nos níveis de vazão do rio Madeira, abaixo de 50% da média histórica.