O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) alertou para o risco ao atendimento à ponta de carga em novembro. Em nota técnica divulgada na última quinta-feira, 22 de julho, o órgão indicou a possibilidade de degradação dos níveis de armazenamento de hidrelétricas no fim do período seco e o esgotamento de recursos para o atendimento à ponta em novembro.
“Com relação ao atendimento aos requisitos de potência, observam-se sobras bastante reduzidas no mês de outubro, com esgotamento de praticamente todos os recursos no mês de novembro”, informou o ONS, na nota técnica.
O documento foi uma revisão de nota técnica anterior, feita a pedido do Ministério de Minas e Energia, para incorporar o novo cenário de crescimento da economia e, consequentemente, do consumo de energia, e as condições conjunturais do Sistema Interligado Nacional (SIN). Nesse documento, o operador considerou um crescimento de PIB para 2021 de 4,5%, ante a previsão de 3,3% utilizada anteriormente.
“O crescimento observado das atividades do comércio e serviços, além da manutenção do ritmo elevado da produção industrial, principalmente daquelas voltadas para exportação, resultam em uma expectativa de crescimento da carga superior ao que vinha sendo considerado nos estudos prospectivos anteriores”, explicou o ONS, na nota técnica.
O operador então trabalhou com dois cenários. No primeiro, foi feita uma previsão mais conservadora de acionamento do parque termelétrico, não sendo consideradas as usinas indisponíveis, por falta de combustível ou litígio. No segundo, foram consideradas uma maior participação de térmicas e importação de energia de países vizinhos.
“O aumento da carga em conjunto com a redução da disponibilidade termelétrica resulta em uma degradação dos níveis de armazenamento ao final do período seco quando comparado com os resultados do estudo prospectivo anterior, em especial dos subsistemas Sul e Nordeste”, acrescentou o ONS.
Segundo o operador, nos dois cenários, os principais reservatórios da bacia do Rio Paraná chegam ao final do período seco com níveis baixos de armazenamento. O órgão, no entanto, assegura que “em ambos os casos, não há risco de desabastecimento elétrico, mesmo diante das piores sequências hidrológicas de todo o histórico de vazões dos últimos 91 anos”.
Para especialistas ouvidos pela MegaWhat, a nova nota técnica do ONS é mais realista e, na prática, traz resultados claros sobre o esgotamento de recursos para atender a ponta em novembro.
Segundo o ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Edvaldo Santana, a nota técnica do ONS evidencia a transparência com que o operador tem conduzido suas ações em meio à crise hídrica. O especialista, no entanto, demonstrou preocupação sobre as condições de armazenamento de reservatórios hidrelétricos já em outubro.
(Foto: Divulgação / Ministério de Minas e Energia)