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Instabilidade política ameaça crescimento da energia eólica no mundo

Éolicas. Freepik
Eólicas / Freepik

O mercado global de energia eólica deve registrar uma taxa de crescimento anual média de 8,8% até 2030, com a adição de 981 GW em capacidade instalada. A projeção é do Relatório Global de Energia Eólica 2025, publicado pelo Global Wind Energy Council (GWEC), que alerta: apesar da perspectiva otimista, a instabilidade política, somada a obstáculos regulatórios e econômicos, pode comprometer a meta de triplicar a capacidade de energia renovável até o fim da década.

Segundo Ben Backwell, CEO do GWEC, a atual volatilidade política e a escalada das guerras tarifárias — iniciadas pelo pacote abrangente de tarifas de importação implementado ainda na gestão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — elevam a incerteza nos investimentos e ameaçam a cadeia de suprimentos global da indústria eólica.

“Vivemos um cenário político mais instável, com ataques ideológicos à energia eólica e paralisações de projetos em andamento. Isso compromete a segurança dos investimentos. A incitação agressiva de guerras tarifárias aumenta ainda mais a incerteza nas decisões de investimento. Os custos totais decorrentes dessas tarifas, tanto gerais quanto sobre commodities como o aço, ainda não foram totalmente mensurados”, afirmou Backwell.

Segundo o executivo, os formuladores de políticas não podem “desviar os olhos do prêmio” e devem procurar formas de garantir estruturas de mercado estáveis ​​e previsíveis, por meio de comércio livre. Ele ainda defendeu a necessidade de melhorar os mecanismos de licenciamento, transmissão de rede e de leilões para acompanhar a tendência global de eletrificação.

Crescimento de eólicas em 2024 é liderado pela China

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Em 2024, a energia eólica mundial alcançou 117 GW em nova capacidade instalada. Desse total, 109 GW foram provenientes de usinas onshore e 8 GW de projetos offshore. O número representa um leve aumento em relação aos 116 GW registrados em 2023, elevando a capacidade total acumulada para 1.136 GW, distribuídos por todos os continentes.

Apesar do crescimento expressivo, o GWEC destacou que os números ocultam grandes desigualdades entre os mercados, já que a maioria das instalações ocorreu em poucos países.

A China liderou o número de instalações do período, com 79,824 MW, seguido pelos Estados Unidos (4.058 MW), Alemanha (4.022 MW), Índia (3.420 MW) e Brasil (3.278 MW). Segundo o Gwec, o Brasil ultrapassou a Espanha.

Também houve crescimento recorde em outras regiões, com a Ásia-Pacífico registrando alta anual de 7%, enquanto a África e o Oriente Médio contabilizaram um crescimento anual de 107%, devido a instalação de 794 MW no Egito e de 390 MW na Arábia Saudita.