Gás e carvão

Para bancos, novas regras do LRCap são positivas para Eneva

Para bancos, novas regras do LRCap são positivas para Eneva

As ações da Eneva registraram forte valorização no pregão desta segunda-feira, 25 de agosto, depois que investidores entenderam que a companhia controlada pelo BTG Pactual estará entre as mais beneficiadas pelos novos leilões de reserva de capacidade anunciados pelo governo para março, com produtos a gás natural e a carvão.

As ações ordinárias da Eneva (ENEV3) subiram 4,61% no pregão de hoje e fecharam a R$ 14,97.

O Ministério de Minas e Energia (MME) abriu duas consultas públicas na sexta-feira, 22 de agosto, retomando o planejamento da contratação de capacidade. Inicialmente, um único leilão aconteceria no dia 27 de junho, mas o certame foi judicializado e o governo acabou cancelando a disputa no início de abril.

Antes, projetos a gás natural iriam competir com empreendimentos a biodiesel pelos contratos de energia nova e existente.

O novo desenho passou a prever dois leilões distintos, ambos agendados para março de 2026: o primeiro, em 13 de março, voltado à contratação de usinas a gás natural, térmicas existentes a carvão mineral e ampliações hidrelétricas; o segundo, em 20 de março, exclusivo para usinas existentes a óleo combustível e diesel.

A decisão de separar os leilões foi acompanhada da exclusão dos biocombustíveis da modelagem.

“Ao excluir o biodiesel e segregar óleo do gás, o MME parece buscar minimizar o risco de judicialização, restaurar previsibilidade e reconstruir credibilidade, depois do processo mal sucedido de 2025”, escreveram os analistas Giuliano Ajeje, Tasso Vasconcellos e Henrique Simões, do UBS BB, em relatório enviado a clientes do banco.

Os produtos

O primeiro leilão terá os produtos organizados por ano de início de suprimento. Em 2026 e 2027, poderão participar apenas usinas existentes: térmicas a gás conectadas à malha de transporte e usinas a carvão em operação.

A partir de 2028, passam a ser admitidos projetos novos a gás, divididos em dois grupos: os conectados ao Sistema de Transporte de Gás Natural (STGN) e aqueles com soluções logísticas isoladas, como usinas que usem GNL importado ou conectadas ao poço de gás, como o complexo da Eneva em Parnaíba. Os prazos contratuais são de 10 anos para usinas existentes, 15 anos para projetos novos.

O produto hidrelétrico contempla ampliações de usinas existentes e entrada em 2030, com 15 anos de duração.

No leilão de óleo combustível e diesel, a participação está restrita a usinas existentes. Foram definidos dois produtos, com início de suprimento em julho de 2026 e julho de 2027. Os contratos terão duração de três anos, com foco em atender necessidades imediatas de potência.

Quem sai ganhando com as mudanças

O UBS BB destacou que a previsão de produtos exclusivos para usinas conectadas aos gasodutos é positiva para players integrados, como Petrobras e Eneva.

Outra característica que é positiva para a Eneva é a competição entre usinas novas e existentes no mesmo produto. Segundo o Itaú BBA, a empresa poderá participar com usinas novas, aproveitando a vantagem da infraestrutura construída para a usina Porto do Sergipe e a capacidade de processamento de gás.

Investidores também apostam que a Eneva terá chance para conseguir contratos para usinas existentes, como Pecém e Itaqui, a carvão, e Parnaíba, conectada diretamente no poço de gás.

Segundo os analistas Fillipe Andrade, Luiza Candiota e Victor Cunha, do Itaú BBA, o prazo curto dos contratos do leilão voltado para diesel e óleo combustível vai deixar “espaço de sobra” para oportunidades para a Eneva e para a Copel, assim como Auren, Engie e Eletrobras, que podem participar com a expansão de hidrelétricas.

O Banco Safra também espera que o produto hídrico tenha demanda significativa, permitindo que a Copel viabilize a expansão da hidrelétrica Foz do Areia, que tem 1.676 MW de potência e pode ser ampliada para 2,5 GW com a adição de novas máquinas.