O aumento exponencial da mini e microgeração distribuída (MMGD) vai demandar a criação de uma espécie de Operador Nacional de Sistema Elétrico (ONS) descentralizado nos próximos anos, assim como já existe em outros países. Para Alexandre Zucarato, diretor de Planejamento do ONS, a figura pode ser crucial para a operação, ajudando o órgão a mensurar a entrada da modalidade no sistema e dimensionar a real situação do sistema elétrico nacional.
“Vamos precisar aumentar a capacidade de coordenação de recursos, não só descentralizados, mas também distribuídos. O ONS não tem vocação para chegar na microgeração das residências. O convite é para desenhar uma estrutura que permita trabalhar a operação dos recursos energéticos distribuídos e fazer uma interface com o ONS”, falou o diretor a jornalistas após painel da 16ª edição do fórum Latino-Americano de Smart Grid.
A ideia é que a estrutura funcione como uma “cascata”, com o operador recebendo informações dos operadores de recursos distribuídos, função que pode ser exercida por agentes de distribuição.
“As próprias distribuidoras são agentes naturais para essa atividade. Mas, a função pode ser delegada ao distribuidor ou ser aberta como, por exemplo, aos operadores de plantas virtuais ou um agregador”, explicou.
Outros 9 GW em outorgas descentralizada
Atualmente, existem 32 GW de micro e minigeração na rede, mais 9 GW em pareceres de acesso até o final de 2024, segundo Carlos Mattar, superintendente de Regulação dos Serviços de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica (STD) da Agência Nacional de Energia Elétrica.
Segundo Zucarato, hoje, num dia típico, em função da geração solar e do tamanho dela dentro do sistema, é necessário modular a geração hidrelétrica diariamente em 30 GW. Essa é a rampa de carga líquida vista pelos recursos centralizados entre 13h e 19h.
Assim, a chamada curva do pato, acaba tomando outros formas, e “o pato vai crescendo, vira girafa, vira elefante, vira brontossauro…”
“Quando olhamos para os próximos cinco anos, identificamos alguns cenários em que, a carga que sobra para a geração centralizada é pequena, só cabe a geração centralizada inflexível, sendo o mínimo que eu consigo gerar centralizadamente. O cenário é desesperador porque a partir desse ponto você não tem mais ferramenta para fazer o controle de carga e geração para manter a frequência do sistema”, explicou Alexandre Zucarato.