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Sociedade demanda por renováveis e hidrogênio é opção para “furar o teto” da sobreoferta no país

Sociedade demanda por renováveis e hidrogênio é opção para “furar o teto” da sobreoferta no país

Com a sociedade cobrando soluções renováveis para redução das emissões de gases de efeito estufa, impulsionada pela COP26, o Brasil tem que lidar com o desafio de ter uma grande oferta de energia renovável para os próximos anos, sem uma demanda econômica que alimente o desenvolvimento desses projetos, ou justifique novas formas de geração pelo seu custo, como o da eólica offshore.

O desafio foi debatido por executivos nesta quarta-feira, 10 de novembro, durante o Brazil WindPower, promovido pela CanalEnergia.

Segundo o diretor-geral da Siemens Energy Brasil, André Clark, o hidrogênio verde permite, pela primeira vez, furar o teto da demanda local de energia, abrindo espaço para que o estoque de geração eólica e solar que o Brasil tem e se tornar um polo de exportação de energia renovável, configurando uma política industrial e de desenvolvimento para o futuro.

“No entanto, a gente não está se posicionando claramente como politica pública, e isso pode abrir oportunidades de desenvolvimento de outra magnitude. A eólica offshore, nós estamos fora do jogo, ninguém leva o Brasil a sério. E por que ela é importante? Porque o mundo inteiro está olhando isso, e esse há um posicionamento claríssimo de vários governos indo nessa direção”, disse André Clark.

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A oportunidade se daria, segundo o executivo, tanto do lado da produção de equipamentos, quanto para os subprodutos com o hidrogênio, podendo dar uma oportunidade única para que o país lidere esse desenvolvimento e exporte a descarbonização das outras sociedades.

Políticas públicas 

Como contraponto, o presidente da PSR, Luiz Barroso, declarou entender essa demanda social, mas que ela é fruto do reflexo do modelo de desenvolvimento econômico, com os custos das políticas públicas sendo absorvidos pelos contribuintes, em condições econômicas diferentes de outros países, como os Estados Unidos.

“O Brasil tem características diferentes. Como no caso da eólica offshore, que aqui na PSR estamos fazendo estudos que apontam uma estimativa de R$ 400/MWh, sendo que a onshore você contrata a R$ 150/MW ou R$200/MW, então tem que justificar bem porque pagaria a mais. Da mesma forma, temos que justificar porque pagamos mais por energia de resíduos sólidos urbanos, de mais de R$ 600/MWh. É uma discussão que devemos ser coerentes, senão gastamos dinheiro demais e a tarifa acaba ficando infinita”, ponderou Barroso.

Outro ponto levantado pelo presidente da PSR é a a expansão da renovável pelo mercado livre, o crescimento da geração distribuída, e a entrada compulsória de termelétricas a gás natural, por meio da lei de privatização da Eletrobras, bem como de Angra 3.

“Nada, nada, é muita oferta, e precisamos para isso crescimento de 3% de PIB. Temos que ter uma percepção de que é muita oferta. Por isso a visão de furar o crescimento econômico é muito boa, porque só pelo PIB, vai ser menos ortodoxa, a menos que tenhamos crescimento disruptivo da demanda”, disse Barroso.

Se o Brasil é um país em desenvolvimento e não tem recursos para anunciar planos ambiciosos de transição energética, como o dos Estados Unidos, o Brasil precisa monetizar a sobreoferta dos recursos renováveis que tem, promovendo uma gestão inteligente dessa abundancia.

A visão é da presidente da Abeeólica, Elbia Gannoum que declarou que o país precisa arranjar “minimamente uma estrutura econômica que torne o país um ambiente amigável e seja favorável aos investimentos privados, porque existe uma corrida muito forte do setor privado, dos investidores buscando o Brasil, e muita coisa que estamos fazendo é porque estamos sendo provocados pelo setor privado. A eólica offshore é um exemplo disso”.

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