Micro e minigeração distribuída

Café com GD: Absolar propõe compensar 50% no fio B a partir de 10% de penetração

A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) realizou reunião com seus associados na noite de terça-feira, 2 de março, para apresentar uma nova proposta para o marco legal da micro e minigeração de energia distribuída no país que será debatida com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), na próxima sexta (05/03). Associação e autarquia buscam estruturar uma pauta a ser levada ao Congresso Nacional, por meio de projeto de lei, uma vez que tal tramitação foge ao escopo da Aneel.

O texto em discussão trata da proposta de revisão da Resolução Normativa nº 482/2012 e que, desde a sua apresentação, em 2019, ainda não permanece sem andamento. Nos bastidores, os encontros entre a Aneel e associações setoriais de geração distribuída são chamados de “Café com GD”.

Para a Absolar a proposta apresentada pela agência, até o momento, significou avanços, mas considerados como “mínimos”. Para a associação, a proposta mais adequada seria considerar um período de transição de 18 meses, com manutenção do direito adquirido até 2045, assegurando 25 anos para os projetos já existentes.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ainda considerando a aplicação das regras atuais para o direito adquirido, a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) cobriria 100% das componentes tarifárias volumétricas. Quanto às condições que suspenderiam esse direito, a Absolar concorda com a possibilidade para casos de irregularidade ou de desligamento da unidade consumidora, mas é contra a retirada do direito para alteração de potência do sistema de geração

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Falando da valoração dos atributos dos sistemas de GD, a associação propõe a redução do prazo de 24 meses proposto pela Aneel para um período de seis meses. A justificativa é de que com o prazo menor o setor já conheceria a forma como seriam valorados os tributos da geração distribuída antes das mudanças, tendo tempo hábil para se acostumarem ou, eventualmente, criticarem essa valoração.

Ainda sobre valoração, a Absolar propõe a compensação de todas as componentes tarifárias, exceto 50% do fio B, o que, mesmo nesse caso, só seria realizado o pagamento depois do atingimento de 10% de penetração da geração distribuída no total da geração de energia da área de concessão da distribuidora.

Segundo Barbara Rubim, vice-presidente de Geração Distribuída do Conselho de Administração da Absolar, a proposta do percentual de penetração por distribuidora busca respeitar as particularidades de cada área de concessão e evitar que estados que tenham facilidade ou atratividade por questões específicas, como Minas Gerais, cresçam muito (a participação de GD) e ocupem essa área de penetração de todos os estados.

“Existem diversas propostas internacionais de melhores práticas mostrando que a geração distribuída até um percentual de penetração de 10% não traz custos para o sistema, sendo até mais positiva do que a possibilidade de causar impacto negativo”, disse Rubim.

Para empreendimentos de micro e minigeração remota, sem carga associada, a Absolar propõe o pagamento da Tusd G, como acontece no mercado livre. A ideia contempla a forma como a rede é utilizada, uma vez que só há injeção de energia.

Mobilizações

Com mais de 200 participantes na reunião transmitida on-line, os dirigentes da Absolar reforçaram que uma manifestação presencial no Congresso Nacional para pressionar a tramitação do projeto de lei deve ser evitada num momento de pandemia do covid-19, além de muitos estados estarem decretando lockdown.

“É muito melhor ser incisivo com mobilização forte num momento específico, do que ficar “cutucando”, vamos assim dizer, os parlamentares direto sobre o assunto quando a gente está longe do ponto de votação”, ressaltou Rubim.

O segmento de geração solar fotovoltaica fez muitas mobilizações virtuais e presencias desde 2019, quando a Aneel apresentou a proposta para a revisão da REN 482/2012. Por isso mesmo o alerta de Barbara Rubim, para não incentivar uma mobilização nas ruas num momento de aumento de contágio da covid-19.

Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Absolar, reforçou que a mobilização será imprescindível, e que cada associado, conforme a sua rede de contatos, pode fazer isso de forma virtual para alcançar deputados federais e estaduais, senadores, sociedade e imprensa. O importante seria promover o diálogo com a sociedade.