
Os cortes de energia renovável (curtailment) atingiram níveis recordes em julho, com estados como Bahia e Pernambuco registrando perdas de até 40% da geração solar que poderia ter sido produzida.
Os dados, divulgados pelo Itaú BBA com base em informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), mostram que o crescimento acelerado das fontes não despacháveis está criando desafios operacionais críticos para o sistema elétrico brasileiro.
O curtailment das fontes eólica e solar fotovoltaica subiu para 20% em julho, ante 16,7% em junho.
A fonte solar foi a mais afetada, com cortes de 29,7% da geração total, o maior nível já registrado desde que o ONS começou a divulgar os dados, em abril de 2024. Destes, 22,3% foram por razão energética, ou seja, excesso de geração em relação ao consumo.
Na fonte eólica, os cortes chegaram a 17,6%, acima dos 13,9% de junho, aumento esperado devido ao início oficial da safra dos ventos em julho. Os cortes por razão energética foram maioria, representando 10,7% da geração.
Além do Nordeste
Geograficamente, o curtailment não se limita mais apenas ao Nordeste, mostrou o relatório, assinado pelos analistas Fillipe Andrade, Luiza Candiota e Victor Cunha, do Itaú BBA.
Bahia e Pernambuco lideraram os cortes de energia solar com 40% cada, mas Minas Gerais registrou 30% e até São Paulo sofreu com 14% de perdas.
Na fonte eólica, Rio Grande do Norte e Ceará tiveram as maiores restrições, de 24% e 28% respectivamente, mas houve cortes até no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, da ordem de 3%.
Empresas no centro
Por grupo econômico, a Essentia Energia (investida do Pátria) foi a mais impactada, com 56% da energia solar cortada em julho, após 42% em junho. A Echoenergia (Equatorial) também sofreu pesadamente, com 49% dos cortes solares.
Em termos absolutos, a Comerc liderou as perdas solares com cerca de 75 mil MWh frustrados, próximo dos números da Equatorial.
Na fonte eólica, os maiores cortes foram registrados pelas empresas Voltalia, Copel, Alupar e Cemig, todas com curtailment de 33% a 35%.
A Auren teve o maior impacto absoluto, com cerca de 230 mil MWh perdidos.