O crescimento acelerado das instalações de geração solar distribuída tem sido acompanhado de uma expansão, também em ritmo elevado, dos financiamentos para esses empreendimentos. Apenas em 2021, foram levantados R$ 9,5 bilhões em financiamentos para projetos do tipo, mais que o dobro das captações de 2020, que somaram R$ 4 bilhões.
Os números foram levantados pela Clean Energy Latin America (Cela), que presta assessoria financeira a empresas e investidores no setor de energia renovável na América Latina.
No ano passado, foram adicionados ao sistema 3,9 GW em empreendimentos de geração solar distribuída, chegando a 8,8 GW no total. A expansão continua acelerada. Até 6 de março, já eram 9,26 GW em operação.
Segundo Camila Ramos, diretora e fundadora da Cela e vice-presidente de financiamento da Associação Brasileira de Geração Solar Fotovoltaica (Absolar), dentro desses valores, há financiamentos de bancos de desenvolvimento, multilaterais, debêntures, bancos comerciais, financeiras e fintechs.
Em 2019, primeiro ano em que o levantamento foi feito, eram R$ 3,1 bilhões em investimentos em GD solar. “O ano de 2021 foi de crescimento forte nas instalações de GD, e temos visto um apetite cada vez maior das instituições financeiras para financiar os projetos”, comentou a especialista.
“O aumento da taxa de juros do país impacta os juros do financiamento. Mas, o importante avaliar é que o financiamento de GD não é competitivo por causa dos juros, mas pelo peso da parcela do financiamento comparado com a conta de luz”, explicou.
Como em geral os sistemas de geração solar distribuída são pagos por meio da economia gerada aos consumidores mês a mês, se a soma da parcela do financiamento e a conta de luz remanescente for menor que a conta de luz atual, o investimento vale a pena.
“As tarifas têm aumentado dois dígitos, então a solução de financiamento da GD facilita a vida do consumidor e permite que ele tenha economia”, disse Ramos. “Minha projeção é que 2022 bata novo recorde de capacidade instalada e de financiamento”, afirmou, se referindo também aos empreendimentos de geração solar fotovoltaica centralizada, de grande porte.
Geração centralizada
O levantamento da Cela também abrange os financiamentos de geração centralizada, que já somam uma capacidade instalada de 4,7 GW no sistema. Em 2021, foram adicionados 1,3 GW da fonte ao sistema.
Os financiamentos também estão abaixo dos valores de GD, mas mostraram crescimento, saindo de R$ 3,9 bilhões em 2020 para R$ 6,6 bilhões em 2021. Com isso, os financiamentos voltados para geração solar fotovoltaica, centralizada e distribuída, chegaram a R$ 16,2 bilhões no ano passado.
A diferença, segundo Ramos, é que no caso de geração centralizada os líderes do crédito são o BNB e BNDES, bancos de fomento, por terem custos mais competitivos. Em geração distribuída, os bancos comerciais e as fintechs são mais competitivas até pela celeridade dos desembolsos, que são em valores relativamente menores.
“Nesse cenário de aumento da taxa de juros, o mercado de capitais acaba ficando com soluções mais caras”, disse a especialista. Segundo ela, ano passado já foram feitos financiamento de projetos em moeda estrangeira no mercado livre, e essas soluções podem ser mais competitivas também em 2022.