Solar

Covid-19: Apesar do impacto, importação de placas solares cresce 93% no semestre

O setor de energia fotovoltaica esperava um primeiro semestre de 2020 de grandes resultados e crescimento para a geração distribuída, mas teve a sua perspectiva desacelerada por conta da pandemia da Covid-19, que impactou, principalmente, nos resultados do segundo trimestre. Mesmo assim o volume de importação de módulos fotovoltaicos no primeiro semestre deste ano representou um aumento de 93% em comparação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 2,49 GW.

O número consta em pesquisa divulgada pela Greener, que entrevistou 2.104 empresas integradoras fotovoltaicas entre maio e junho deste ano. “Quando a gente analisa os últimos três anos a gente vê um crescimento muito grande do setor de geração distribuída fotovoltaica, que é o grande driver de expansão do setor”, disse o CEO da consultoria, Marcio Takata.

Apesar do aumento expressivo no semeste, houve queda do volume importado pelo segundo trimestre consecutivo. No quarto trimestre de 2019 a importação foi de 1.727 MW, que caiu para 1.614 MW no primeiro trimestre de 2020 e para 877 MW no segundo trimestre deste ano. Nos 12 meses de 2019, as importações de módulos fotovoltaicos totalizaram 4,13 GW de capacidade instalada.

“Tivemos um impacto importante no segundo trimestre de 2020 nas vendas e isso afetou tudo o que envolvia em investimentos. Mesmo assim, a gente identifica uma retomada importante desses mercados não necessariamente no terceiro trimestre, mas talvez mais no quarto trimestre deste ano”, comentou Takata.

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Segundo aponta o estudo da Greener, percebe-se uma forte mudança no perfil tecnológico dos módulos importados. No terceiro trimestre de 2018, a tecnologia Poli Std representava mais de 90% dos módulos no mercado. A parcela caiu no decorrer dos trimestres seguintes, até chegar no quarto trimestre de 2019 registrando pouco mais de 50% da tecnologia no mercado.

Atualmente, a tecnologia mais empregada é a de módulos PERC que representaram 54% do total importado no segundo trimestre de 2020. Segundo Marcio Takata isso aconteceu porque o mercado está buscando tecnologias com maior ganho de eficiência.

Entre as 64 empresas importadoras de módulos fotovoltaicos, dez representaram 86% do total importado. Destaque para Canadian, Trina e Jinko que nesse período importaram entre 450 MWp e 468 MWp cada. Em quarto lugar a BYD, com 325 MWp. As demais empresas tiveram volume de importação inferior a 150 MWp.

No caso das importações dos inversores, dez marcas foram responsáveis por 86% do total importado. E da mesma forma como nos módulos, a importação registrou queda no volume importado pelo segundo trimestre consecutivo, mas obteve um aumento percentual de 128% no primeiro semestre de 2020 com relação ao mesmo período do ano anterior, quando registrou 1.079 MW.

Houve também uma mudança no perfil com o qual os portes de inversores estavam evoluindo. A Grenner identificou aumento das importações na faixa de inversores de 10 a 50 kW, utilizados em sistemas consumidores de pequeno e médio porte no mercado, geralmente em comércios, e diminuição de inversores de potência superior a 50 kW.

Mercado jovem

Chamou a atenção na pesquisa da consultoria que 86% das empresas entrevistadas não possuíam vínculo com associações do setor. Mas, conforme explicou o CEO da Greener, isso se deve por ser um mercado ainda muito jovem, que começou a se desenvolver mais fortemente nos últimos três anos e que as empresas ainda estão se ambientando no mercado.

Além disso, o número de empresas é muito expressivo. Considerando as mais de 14 mil empresas levantadas pela Greener com atividade regular no mercado, a fatia de 14% de associados é muito representativa quantitativamente.

“Não olho com estranheza (o percentual de associadas), pois vejo um nível de associação muito alto dado a idade dessas empresas”, disse Marcio Takata.

Perfil do cliente 

A pesquisa da Greener também falou com 410 proprietários de sistemas fotovoltaicos na geração distribuída de todas as macrorregiões do Brasil (exceto Amazonas, Rondônia e Roraima), que adquiriram seus sistemas a partir de 2017.

O que a empresa identificou foi que os sistemas fotovoltaicos estão sendo acessados por um público cada vez mais jovem. Em 2017, a predominância era de clientes acima de 61 anos, com cerca de 55% dos acessos.

Esse perfil começa a mudar em 2019, e neste ano, 55% do público que acessa sistemas fotovoltaicas possuem de 50 anos. Marcio Takata comenta que essa mudança se deve à facilidade do acesso aos equipamentos, além da redução do preço e das opções de financiamento.

Esses fatores também favorecem a ampliação da participação das classes menos favorecidas no acesso à geração distribuída. “É o caminho natural conforme a cadeia se desenvolva e que perfis diferentes passem a acessar a tecnologia. Isso é um driver importante para criação de políticas e de decisões de toda a ordem”, finalizou o CEO da Greener.

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