De olho na aceleração da demanda por instalações de sistemas de geração distribuída (GD) a energia solar no fim deste ano, a Intelbras ampliou o estoque de segurança de equipamentos fotovoltaicos da Renovigi, empresa adquirida pela companhia em fevereiro deste ano.
A estratégia da empresa de assegurar um estoque de segurança deve-se ao fim do prazo de transição de 12 meses contados da publicação da Lei 14.300 – o marco legal da micro e minigeração distribuída –, em janeiro deste ano, para que os novos projetos passem a pagar os encargos de distribuição, o que tem sido chamado de “nova corrida do ouro” da energia solar.
Segundo Marcio Osli, diretor geral da Renovigi Energia Solar, a companhia também está estrategicamente preparada para o cenário atual da cadeia produtiva, em meio a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O executivo explicou que a sinergia e o porte proporcionados pela atuação conjunta de intelbras e Renovigi permitem um processo de compras de equipamentos mais eficaz junto a fornecedores.
Executivo na Intelbras há 25 anos, onde assumiu a gerência da unidade de negócios em Energia Solar da companhia em 2017, Osli reforça que a estratégia do grupo é manter as duas marcas – Intelbras e Renovigi – devido à confiabilidade e à segurança que elas possuem no mercado. Além disso, o cruzamento da base de potenciais clientes das duas empresas é de apenas 10%, o que garante espaço para as duas companhias atuarem no setor de GD a energia solar.
Criada em 2012, a Renovigi, que alcançou um faturamento de R$ 799,5 milhões em 2021, tem mais de 1,5 milhão de painéis solares instalados no país.
Estação solar para carregamento de veículos elétricos da Renovigi
Intersolar
A nova corrida do ouro da fonte solar tende a ser um dos pontos comentados na Intersolar South America, evento que reúne a indústria de geração de energia solar, em São Paulo, a partir desta terça-feira, 23 de agosto, em um momento aquecido do mercado, que registrou 18 GW instalados no país, um crescimento de 5 GW apenas neste ano. O encontro terá a presença prevista do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, na cerimônia de abertura.
Desde 2012, o setor já movimentou R$ 93,7 bilhões em investimentos e criou 540,5 mil empregos, de acordo com estimativas da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). “A fonte ajuda a diversificar o suprimento de energia elétrica do país, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos e o risco de mais aumentos na conta de luz da população”, afirma o presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia.
“O Brasil é um mercado em franca expansão”, afirma Nelson Stanisci, gerente de Soluções da área de Digital Power da chinesa Huawei voltada para negócios em energia renovável, digitalização e zero carbono. Um dos carros-chefes da unidade de negócios são os inversores para equipamentos de geração de energia solar.
ESG
Também contribuem para a expansão da indústria de energia solar os aspectos relacionados à temática de meio ambiente, social e governança (ESG, na sigla em inglês). Estudo divulgado na última semana pelo Instituto Escolhas, associação civil sem fins econômicos que tem como objetivo qualificar o debate sobre sustentabilidade no país, calculou o rating de ESG das principais fontes de energia, a partir de 57 indicadores distintos. A fonte que recebeu a nota mais elevada foi a solar (entre 76,8 e 87,1), seguida pela eólica (entre 71,8 e 82,1). A nota mais baixa foi obtida pela termelétrica a óleo (de 57,1 a 67,4). O estudo, contudo, não analisou biomassa nem resíduos sólidos urbanos.
“Estamos dando todos os critérios possíveis para as instituições darem as notas aos investimentos. Isso é uma soma de todos os esforços que o Escolhas fez para mostrar para o mundo das finanças, no Brasil e no mundo, que é possível, sim, ter critérios objetivos para olhar os investimentos no setor elétrico”, explicou Sergio Leitão, diretor executivo do Escolhas. Segundo ele, o material será compartilhado com todas as instituições financeiras, incluindo agentes financiadores e gestoras de recursos, entre outros.
Sergio Leitão, do Escolhas: Critérios objetivos de ESG para investimentos
Indicadores
Na Intersolar, a consultoria Greener também apresentará novo estudo com números e indicadores do setor de geração de energia solar centralizada.
Na ocasião, a Canadian Solar prevê apresentar inovações nos módulos fotovoltaicos e inversores para os segmentos de GD e geração centralizada. A companhia recebeu recentemente certificação da DNV, multinacional independente especializada em certificação de produtos, para seus módulos de alta potência, de até 670 megawatts (MW).
A Elgin Solar, fabricante e distribuidora de equipamentos fotovoltaicos e provedora de soluções nas áreas de climatização, refrigeração, iluminação, automação e costura, por sua vez, apresentará uma plataforma de e-commerce da empresa. Segundo a companhia, a ferramenta garante acesso a mais de 8 mil combinações de kits fotovoltaicos.
Entre as novidades, a Leveros Solar, distribuidora de equipamentos fotovoltaicos, lançará um inversor de marca própria para atender as necessidades dos consumidores brasileiros que utilizam energia solar em residências e empresas. O objetivo da companhia é trazer ao mercado brasileiro um equipamento alinhado às realidades específicas dos consumidores, que incluem sistemas de monitoramento remoto que integra o cliente final com a empresa de instalação do projeto.
A Solar Group, indústria especializada em sistemas de fixação para o mercado de energia solar, vai apresentar novas tecnologias de fixação de painéis solares que reduzem tempo de instalação e ajudam no escoamento mais rápido da água de chuva.
Já a WIN Solar, distribuidora de equipamentos fotovoltaicos e pertencente ao Grupo Al Nations, vai apresentar o conceito de escritório sustentável na retomada dos trabalhos presencias no pós-pandemia. E a empresa de origem gaúcha Soprano também vai apresentar um módulo solar bifacial, que pode receber luz de ambos os lados, com a potência de 550W. Segundo a companhia, o equipamento possibilita um aumento de eficiência de até 30% em relação aos módulos convencionais.