*Matéria corrigida e atualizada às 18h40, de 11 de agosto, por se tratar de um número do primeiro trimestre
O Brasil importou 7,8 GW em painéis solares no primeiro trimestre de 2023. De acordo com levantamento da Greener, a geração distribuída apresentou a maior queda do período, com redução entre 60% e 70% no volume das vendas de sistemas fotovoltaicos no período.
Na pesquisa, a Greener aponta cenários macroeconômicos, como a alta da Taxa Selic e o crescente endividamento da população, além das incertezas relacionadas ao novo governo e o início da vigência das regras da Lei 14.300/2022, conhecida como Marco Legal da GD, que resultaram em uma postura mais conservadora dos investidores nos primeiros meses do ano.
Já a geração centralizada apresentou um melhor índice de importação no período, com previsão de início de construção e operação de projetos para 2023 e 2024.
Atualmente, a geração distribuída responde por 22,8 GW da capacidade instalada no Brasil, enquanto as grandes usinas centralizadas já contribuíram com mais de 9,9 GW para o sistema, conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e citados no estudo da Greener.
Apesar da queda no volume de vendas e de importação de módulos fotovoltaicos no primeiro semestre do ano, a geração solar adicionou à rede uma potência próxima a 4,7 GW, ainda reflexo do número de vendas registrado no final de 2022 daqueles que buscavam o direito adquirido, em que os sistemas já existentes ou que protocolarem solicitação de acesso em até 12 meses após a publicação da lei permaneceriam sob a regra de paridade tarifária até 31 de dezembro de 2045.
Brasil e China
Com as alterações regulatórias, o mercado brasileiro registrou aumento de 58% nas importações de módulos fotovoltaicos da China em 2022, totalizando quase 18 GW. Com esse volume, o Brasil se posicionou como o segundo maior comprador dos equipamentos chineses, ficando atrás apenas da Holanda.
Em 2022, a China forneceu 89% da demanda mundial por silício policristalino (polissilício) para módulos fotovoltaicos. Com o aumento da produção pelos chineses, o mercado teve excesso de oferta de silício policristalino, levando a um grande estoque e uma consequente queda expressiva no preço.
“A redução dos custos dos módulos, aliada à valorização do Real em relação ao dólar, tem estimulado a queda dos preços dos kits fotovoltaicos. Isso resulta na diminuição do valor do Capex necessário para implementar projetos de energia solar, o que, por sua vez, pode viabilizar mais iniciativas e contribuir para recuperação do setor fotovoltaico no Brasil”, afirma o estudo da Greener.
Distribuidoras
Para a consultoria, a queda nos preços é um desafio para as distribuidoras brasileiras de kits fotovoltaicos, que desaceleraram as vendas no primeiro semestre de 2023 e acumularam estoque, com sistemas adquiridos por um preço maior do que é atualmente praticado pelo mercado.