Curva do pato: formato atribuído pelo California ISO (Caiso), operador independente do sistema elétrico da Califórnia, à curva gráfica que mostra a carga líquida de energia elétrica resultante da diferença entre demanda total de energia elétrica e a geração fotovoltaica que ocorre durante o dia.
A maior participação de painéis solares num determinado sistema elétrico acarreta maior variação da amplitude da curva de carga diária.
Saiba mais: a curva ocorre pela queda acentuada da demanda de energia elétrica em função da geração elétrica realizada dos painéis fotovoltaicos no período da tarde, quando também ocorre maior geração desses sistemas.
O formato também está relacionado à possibilidade de uma grande parcela da carga ser atendida pela geração distribuída na metade do dia, o que reflete, em consequência, na queda da oferta de outras fontes do sistema elétrico, para ser retomada nas horas seguintes.
A fonte solar fotovoltaica, assim como a eólica, é considerada como uma fonte não controlável. Esse tipo de fonte abate a carga a ser suprida pelo sistema, tendo como efeito prático o abatimento da carga total que seria suprida pelas fontes controláveis, como hidrelétricas e termelétricas.
Histórico: esse fenômeno foi identificado pelo operador independente do sistema elétrico da Califórnia em 2013. A curva fica mais visível durante a estação da primavera, quando está ensolarado, mas as temperaturas permanecem amenas, reduzindo o consumo da população para ar condicionado ou aquecimento.
No mesmo ano, o Caiso havia apontado que a curva do pato se acentuaria a cada ano. Essa ampliação, contudo, eleva os riscos da operação.
Fonte: Califórnia ISO
Entre eles está a geração excessiva pelos sistemas solares fotovoltaicos que levem ao desligamento de usinas com baixa flexibilidade de operação, como explicado anteriormente. Esse tipo de desligamento pode elevar custos de operação de termelétricas e hidrelétricas, bem como o desgaste de equipamentos dessas usinas.
A curva do pato também pode trazer como desafio a rápida retomada da carga líquida, no fim do dia, conforme a geração solar diminui e o pico da carga do sistema se aproxima.
Para mitigar esses efeitos, o operador do sistema da Califórnia observa como necessário que existam usinas flexíveis, que possam gerar energia rapidamente, ou fontes de armazenamento, que possam injetar a energia armazenada enquanto as demais usinas entram em operação para suportar a demanda.
Questões estruturais de sistemas elétricos como a eficiência energética e de resposta à demanda, também são citadas pelo Caiso como possíveis mecanismos de suporte para suprir o momento de redução da geração solar fotovoltaica e o período de aumento de consumo.
Além disso, o operador da Califórnia ainda cita como medida: a elevação do número de comercializadores, facilitando tanto a compra quanto a venda de energia elétrica; a implantação de formas de tarifação mais sofisticadas; e medidas que incentivem o autoconsumo no momento da geração para os consumidores que possuem geração distribuída.
Vale saber: no Brasil, a geração das fontes não controláveis ocorre, de maneira geral, no período da madrugada, por conta das usinas eólicas. Não se vislumbra que esse comportamento mude, uma vez que a expectativa é que a fonte continue predominante entre as não controláveis. A fonte solar possui uma curva de geração característica, com picos de geração no meio do dia, e zero de geração nos períodos noturnos.