A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou o hidrogênio como uma das mais promissoras soluções energéticas do futuro, além de ser oportunidade para descarbonização da indústria brasileira. A conclusão foi apresentada em estudo divulgado nesta segunda-feira, 15 de agosto, e indica que a indústria pode colaborar para a diminuição de gases de efeito estufa (GEE) do país.
Dessa forma, o uso do hidrogênio aumenta a competitividade do Brasil devido à disponibilidade de recursos renováveis necessários para produção, além das possibilidades de uso no mercado interno e para exportação. O estudo identifica o hidrogênio verde e o azul como as alternativas mais adequadas para o uso no setor industrial e para a consolidação desse mercado.
“A característica renovável da matriz energética brasileira é uma nítida vantagem competitiva do país, pois 70% do custo da produção do hidrogênio está associado à eletricidade”, diz o documento.
Para Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, o posicionamento do Brasil como produtor de hidrogênio pode elevar sua participação na cadeia global de valor da tecnologia, “o que pode alterar positivamente a balança comercial”.
Indústria
Segundo o estudo, o setor de refino, grande consumidor de hidrogênio cinza, é a terceira maior fonte global de emissões estacionárias de gases de efeito estufa (GEE), responsável por 40% das emissões da cadeia de suprimento de petróleo e gás e por 6% de todas as emissões de GEE industriais.
Para reverter esse cenário, o estudo sugere elevar o investimento em tecnologias de captura de carbono (CCS) para a substituição do ativo cinza por hidrogênio azul e verde, como uma estratégia de descarbonização.
A CNI também destaca que o hidrogênio verde poderia ser adotado pela indústria de fertilizantes como estratégia de descarbonização. Já siderurgia, metalurgia, cerâmica, vidro e cimento são os que apresentam o maior potencial para adoção do hidrogênio no curto e médio prazo entre três e cinco anos.
Armazenamento de energia
Além de atender a demanda industrial, o hidrogênio poderia apoiar o setor de geração de energia elétrica garantindo o fornecimento de sistemas alimentados por energias renováveis, intermitentes, desempenhando um papel diferente do gás natural – considerado o combustível da transição energética.“ O armazenamento sazonal de hidrogênio é visto como solução importante devido à sazonalidade da produção de energia renovável do vento, por exemplo”, diz o documento.
Intitulado ‘Hidrogênio Sustentável: Perceptivas e Potencial para a Indústria Brasileira’, o documento cita dados da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) que identificou 990 projetos de hidrogênio no mundo desde o ano 2000, dos quais, apenas quatro estão localizados no Brasil.
As iniciativas para estruturar projetos de hidrogênio verde no Brasil vieram, principalmente, por meio de hubs de produção de hidrogênio verde em portos, visando a exportação da produção de energia elétrica renovável. Em julho, a Unigel iniciou a construção da primeira fábrica de hidrogênio verde do Brasil.
Recentemente, o governo federal lançou o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), que estabelece as diretrizes e principais estratégias para a política pública setorial. De acordo com estimativa do Hydrogen Council, somente os empreendimentos de larga escala anunciados a partir de 2021 somam investimentos de cerca de US$ 500 bilhões até 2030.
Para acelerar esse processo, a confederação defende algumas medidas estruturantes, como a elaboração de uma política industrial para impulsionar a produção de equipamentos e a prestação de serviços, e a estruturação de financiamentos para a descarbonização de segmentos potencialmente competitivos associado a menores níveis de emissão de gases de efeito estufa.
A entidade também propõe a criação de um observatório para a avaliar a competitividade econômica e ambiental do hidrogênio sustentável nacional e produtos industriais derivados de seu uso.