Os debates envolvendo a redução de custos da produção do hidrogênio verde seguem sendo o principal obstáculo de governos e de empresas em 2024. Contudo, a evolução dos projetos e das regras do setor podem ditar o ritmo de crescimento do combustível e de seus derivados neste ano, segundo análise do novo relatório da Wood Mackenzie publicado nesta quinta-feira, 11 de janeiro.
“Essas pressões [envolvendo custos] não desapareceram. No entanto, algumas áreas cruciais começarão a revelar sinais de crescimento. O número aparentemente interminável de anúncios de projetos continuará, mas o foco estará firmemente em saber quais podem progredir rumo à decisão final de investimento”, afirma Murray Douglas, vice-presidente de Pesquisa de Hidrogênio e Amônia da consultoria.
Com regras mais claras sobre a localização dos empreendimentos, publicadas no ano passado, os Estados Unidos, por exemplo, pode sofrer atrasos na entrada em operação de projetos, no estabelecimento de cadeias de abastecimento, na difusão de tecnologia e na curva de aprendizagem.
De acordo com a Wood Mackenzie, enquanto lidam com essas questões, as empresas americanas estabelecerem projetos em locais com geração renovável para garantir menores custo e cargas elevadas. A procura pode fazer com que as companhias joguem “xadrez” para assinar contratos de compra e venda de energia elétrica de longo prazo (PPA, na sigla em inglês), e ao mesmo tempo realizarem “manobras” para garantir acordos alinhados com os interesses econômicos e com a regulação vigente.
Europa e Reino Unido
O Reino Unido licitou cerca de 125 MW, dos 250 MW, que esperava em sua primeira rodada do leilão de hidrogênio, com um preço médio ponderado de US$ 11,87/kg. O volume é visto como preocupante pela indústria europeia, mas era esperado. Em fevereiro, as propostas do leilão piloto serão encerradas e o Banco Europeu do Hidrogênio (EHB) fornecerá 800 milhões de euros em financiamento para as companhias.
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A União Europeia e o Reino Unidos realizarão rodadas de acompanhamento e, para a Wood Mackenzie, o resultado pode dar indicações “mais claras” sobre os custos envolvendo os empreendimentos em escala e os desafios para obtenção de financiamento. Porém, a consultoria afirma que, apesar dos possíveis desafios, as regiões se beneficiarão dos projetos, já que estão realizando um leilão antes de outros mercados globais.
“[O aprendizado do certame] fará com que empresas e o governo se aperfeiçoem e garantam uma expansão acelerada da indústria”, afirma a entidade.
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Japão e Coreia
A amônia apresenta diversas oportunidades no âmbito da transição energética, inclusive como vetor transportável de hidrogênio e de combustíveis limpos. No Japão e na Coreia do Sul seu uso na forma azul, feito a partir do nitrogênio e do hidrogênio, será mais competitivo que o verde, produzido a partir de fontes renováveis, na próxima década, permitindo uma expansão mais rápida do mercado a custos mais baixos.
Ambos os países publicaram estratégicas básicas para o desenvolvimento do energético. Contudo, as regras não deixam claro quais os limites de emissões e os regimes de subsídios para o hidrogênio, segundo a análise da consultoria, que espera novidades no início de 2024.
“Esperamos que a política nestes mercados apoie as importações de amônia azul, que será a mais competitivo nos países nesta década, frente a verde, o que permitirá uma expansão mais rápida do mercado a custos mais baixos”, afirma trecho do documento.
A análise estima que o Japão e a Correia do Sul devem acelerar o fornecimento da amônia para suprir a demanda do mercado, que crescerá entre 2026 e 2027. Além disso, a tendência de empresas das regiões de desenvolverem projetos em outros países deve continuar.
Até novembro de 2023, cerca de 24 projetos estavam sendo desenvolvidos na América do Norte, 19 na Europa, 18 no Oriente Médio e 16 na Ásia e na América Latina.