Leilões

A-5 confirma baixa demanda, mas evidencia aumento de preços, dizem especialistas

O leilão de energia nova A-5, tido como o leilão da expansão do sistema, realizado nesta quinta-feira, 30 de setembro, confirmou a expectativa do mercado e registrou baixo volume de contratação. Por outro lado, um ponto destacado por especialistas ouvidos pela MegaWhat foi o aumento dos preços de energia negociados no certame. Ao todo, foram negociados 151 megawatts (MW) médios de projetos com um total de 860,8 MW de potência instalada e 375 MW médios de garantia física. O preço médio negociado no leilão foi de R$ 238,37 por megawatt-hora (MWh). Ao todo, apenas cinco distribuidoras contrataram energia no leilão: Celpa, Cemar, CPFL Jaguari, CPFL Paulista e Light.

Complexo Eólico Cerro Chato, em Sant’Ana do Livramento, Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai. Foto Hermínio Nunes
Complexo Eólico Cerro Chato, em Sant’Ana do Livramento, Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai. Foto Hermínio Nunes

O leilão de energia nova A-5, tido como o leilão da expansão do sistema, realizado nesta quinta-feira, 30 de setembro, confirmou a expectativa do mercado e registrou baixo volume de contratação. Por outro lado, um ponto destacado por especialistas ouvidos pela MegaWhat foi o aumento dos preços de energia negociados no certame.

Ao todo, foram negociados 151 megawatts (MW) médios de projetos com um total de 860,8 MW de potência instalada e 375 MW médios de garantia física. O preço médio negociado no leilão foi de R$ 238,37 por megawatt-hora (MWh). Ao todo, apenas cinco distribuidoras contrataram energia no leilão: Celpa, Cemar, CPFL Jaguari, CPFL Paulista e Light.

“Nós fazemos o acompanhamento do portfólio das distribuidoras e já tínhamos a expectativa de que a contratação seria bem baixa”, afirmou o diretor da área de estudos energéticos, tarifas e preços da PSR, Rodrigo Gelli. 

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Na mesma linha, Ana Carla Petti, co-CEO da MegaWhat Consultoria, ressaltou que o baixo volume contratado no leilão de hoje indica uma possibilidade de prolongamento do perfil de sobrecontratação das distribuidoras.

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“A demanda foi a mais baixa dos últimos leilões A-5 e A-6, podendo demonstrar uma possibilidade de prolongamento de sobrecontratação das distribuidoras, ao mesmo tempo em que há as incertezas vinculadas à expansão do mercado livre e da geração distribuída e de eventual redução do portfolio de contratação das distribuidoras em função da indefinição sobre a energia de Itaipu após 2023 e a descotização da Eletrobras”, afirmou a especialista.

No mesmo sentido, o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel/UFRJ), o professor Nivalde de Castro, disse que a baixa contratação de energia no leilão é um sinal de perspectiva mais baixa de crescimento econômico do país. “Na realidade, quem está contratando mais energia é o mercado livre, porque a tendência das tarifas no mercado cativo é ir para a estratosfera”, completou.

Preços

Os preços negociados no leilão de hoje também vieram conforme o esperado, de acordo com Ana Carla Petti. Segundo ela, já havia uma expectativa de aumento de preços. “Os preços foram dentro do esperado, sendo que a eólica saiu mais cara do que o preço do último leilão, sendo um indicativo do aumento de preços dos equipamentos”, disse ela.

A avaliação foi a mesma de Gelli, da PSR. “O que chamou a atenção foram os preços mais altos no leilão, refletindo o aumento dos preços dos equipamentos e do câmbio”, afirmou.

Na mesma linha, Castro, do Gesel/UFRJ, também ressaltou o aumento dos preços no leilão, mesmo com a oferta expressiva de projetos e o baixo volume negociado.

Já o ministro de Minas Energia, Bento Albuquerque, ressaltou que o leilão de hoje era importante para complementar a necessidade de expansão do sistema brasileiro. “Este leilão vem complementar a necessidade de expansão da geração de energia no nosso país”, disse ele, após participar da inauguração da termelétrica a gás natural GNA I, em São João da Barra, no Norte do Estado do Rio.

Fontes

O presidente executivo da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), Newton Duarte, destacou a competitividade dos projetos a biomassa no leilão, ofertando valores inferiores às médias observadas dos leilões anteriores. “O desenvolvimento das usinas de cogeração a biomassa e das usinas hidrelétricas faz enorme sentido para o setor elétrico brasileiro já que a complementariedade destas fontes nas regiões Sudeste/Centro-Oeste é de absoluta importância para a manutenção dos reservatórios do subsistema”, completou Duarte

Já o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, ressaltou que o certame poderia ter contratado mais projetos de energia solar. “O setor solar ofertou mais de 800 projetos, porém o volume muito pequeno contratado da fonte frente a essa oferta desapontou o mercado e os investidores. Perde-se a oportunidade de dar um sinal claro à sociedade de expansão das renováveis no país, especialmente da solar fotovoltaica, uma das mais competitivas do país”, destacou o executivo.

Para Pietro De Biase, especialista da área ambiental do Vieira Rezende Advogados, também destacou a contratação de projetos de geração a partir de resíduos sólidos urbanos (RSU), modalidade incluída pela primeira vez nos leilões de energia nova.

“Sob a perspectiva ambiental, o biogás de aterro sanitário ganha destaque, pois confere valor ao biogás e ao biometano, que vale lembrar aqui que podem ser utilizados tanto na geração de energia elétrica, como no caso do biogás, ou combustível de automóveis, no caso do biometano, através do chamado combustível derivado de resíduos (CDR) amplamente utilizado na Europa e ainda pouco explorado no Brasil”, destacou o especialista.

Alexandre Americano, sócio-fundador da Mercurio Partners, ressaltou que, em termos de demanda, este A-5 foi um dos menores leilões de energia nova dos últimos anos. Sobre os preços negociados, o especialista explicou que eles foram influenciados pelo dólar, em linha com o que já havia sido observado no leilão A-3 deste ano.

Leilão de reserva de capacidade

O executivo também acredita que o leilão de reserva de capacidade, marcado para 21 de dezembro, deverá ter um volume de negociação maior. Ele lembra que, com relação à contratação de potência, a demanda será definida pelo Ministério de Minas e Energia, com base em estudos de necessidade de potência da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Já a contratação de energia deverá ser baixa, em linha com o registrado no último leilão A-5.

(Atualizado às 3h22, em 01/10/2021)

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