O leilão de suprimento dos sistemas isolados realizado hoje contou com a participação de projetos híbridos de fontes renováveis, mas o governo não tem previsão de retirar usinas a óleo diesel dos próximos certames. O plano é manter a competição entre as soluções, a fim de garantir o suprimento para as regiões em sistemas isolados com o custo mais competitivo possível.
“Nos dados que simulamos, os projetos híbridos são competitivos, mas na hora, só há um vencedor”, disse Erik Rego, diretor de estudos de energia elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em entrevista coletiva concedida virtualmente depois do leilão. Segundo ele, mesmo que nenhum projeto do tipo tenha saído vencedor do leilão de hoje, eles forçaram a competição. “Ele acaba contribuindo mesmo não levando, porque forçou o diesel a vender mais barato”, completou.
Apesar da participação de projetos híbridos com fontes renováveis, o leilão acabou contratando apenas empreendimentos a óleo diesel, gás natural e biodiesel. Os projetos contratados para suprir os 97,3 MW de potência requeridos pelo leilão envolvem investimentos da ordem de R$ 355,5 milhões. A receita fixa anual dos empreendimentos será de R$ 120,3 milhões.
Questionado se há possibilidade de o governo suspender a participação de diesel nos próximos certames, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Paulo César Magalhães, disse que isso não pode ser feito sob risco de comprometer o abastecimento. “Não podemos garantir o suprimento com 100% de fontes renováveis ainda”, afirmou. Para o secretário, o objetivo do leilão é atender o crescimento da demanda por energia nessas localidades com o menor custo possível para o consumidor.
“Esse leilão permite que as soluções possam sofrer alterações ao longo do fornecimento”, lembrou Rui Altieri, presidente do conselho da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Assim, ao longo da duração do contrato, o empreendedor pode optar por investir em novas tecnologias e maximizar seu ganho, se as fontes renováveis ficarem mais competitivas.
O prazo mais curto de alguns dos contratos, devido à previsão de interligação das regiões ao Sistema Interligado Nacional (SIN), também é visto como motivo pela maior competitividade de projetos a combustíveis fósseis. O biodiesel também tem dificuldade em ser viabilizado nesses casos, segundo Magalhães, já que há o período necessário para plantio e o ciclo de produção da matéria-prima. “Solar com bateria também não se viabiliza num curto espaço de tempo”, disse o secretário do MME.
“Em relação aos preços, achamos que estão compatíveis e até melhores que os dos sistemas isolados. Esse modelo que permite a competição de óleo com híbridas tem permitido a redução de preços”, afirmou Rego.
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