O site do Valor Econômico traz uma análise a respeito do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU, divulgado esta manhã (09/08), sobre ciência do clima. De acordo com o jornal norte-americano The New York Times, é tarde demais para reverter danos ao planeta, mas não tarde demais para prevenir as coisas de piorarem.
A melhor tradução do que isso significa para o Brasil foi dita há alguns dias, pelo climatologista Paulo Artaxo, um dos autores do IPCC, em um seminário da Fundação de Aparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp): “O Brasil precisa discutir que país quer ser no futuro”, informa a reportagem do Valor. A produtividade no Centro-Oeste irá diminuir em função do clima mais seco e da escassez de água. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro repousa no agronegócio do Cerrado, mas os cientistas estão dizendo que o regime de chuvas está mudando e rápido. Secas no Cerrado, bioma onde o Brasil produz e exporta, serão mais constantes. Escassez hídrica, afetando as hidrelétricas, mais intensas e frequentes.
O Brasil, como o mundo todo, já sente os efeitos da mudança do clima. A seca do Pantanal, com a forte onda de calor, foi o combustível para os fogos que se viram em 2020. A escassez hídrica está afetando os reservatórios e deixando mais cara a conta de luz dos brasileiros. Empresas produtoras de petróleo terão que abandonar a perfuração – não é se, é quando – e diversificar o portfólio ou ficarão com “ativos podres” na mão. O relatório do IPCC mostra que os prazos encurtaram. Há outro ponto, que não depende de decisão brasileira, mas da pressão internacional. Se o Brasil hoje, sob o governo Bolsonaro, tornou-se um pária no mundo, à luz do novo relatório irá se tornar um fóssil.
“Em um planeta aquecido ninguém está salvo”, diz Inger Andersen, do Pnuma
Dando sequência a uma série de reportagens e análises a respeito do relatório do IPCC divulgado hoje (09/08), o Valor Econômico publicou o alerta feito por especialistas para os perigos da mudança climática.
“A mudança do clima está aqui, agora. Nós também estamos aqui, agora. Se não agirmos, quem agirá?”, disse Inger Andersen, secretária-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), ao ouvir as mensagens do relatório do IPCC sobre ciência do clima.
“Em um planeta aquecido, ninguém está a salvo. Devemos tratar as mudanças climáticas como uma ameaça imediata, assim como devemos tratar todas as crises conectadas da natureza e da perda de biodiversidade, e da poluição e do lixo”, disse a cientista dinamarquesa. “Não podemos desfazer os erros do passado. Mas esta geração de líderes políticos e empresariais, esta geração de cidadãos conscientes, pode consertar as coisas”, acrescentou.
Sobre o mesmo tema, Fred Krupp, presidente da organização não governamental (ONG) americana Environmental Defense Fund (EDF), observou que pela primeira vez, o IPCC destaca a importância dos poluentes de curta duração e altamente danosos, como o metano que, sozinho, responde por 25% do aquecimento que experimentamos atualmente”. Ele ressaltou a necessidade urgente de se reduzir a poluição por metano em setores como petróleo e gás.
Relatório da ONU sobre mudanças climáticas coincide com incêndios catastróficos nos EUA, Rússia e sul da Europa
No mesmo dia em que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU divulgou seu primeiro relatório em oito anos, alertando para a maior frequência de eventos extremos devido ao aumento da temperatura do planeta, os Estados Unidos, a Rússia e o Sul da Europa enfrentam nesta segunda-feira (09/09) incêndios florestais de grandes proporções. De acordo com o relatório, ondas de calor que eram comuns de 50 em 50 anos agora são esperadas de 10 em 10 anos, conforme explica reportagem do site O Globo.
Nos EUA, o incêndio conhecido como Dixie, que começou em 14 de julho, se tornou no fim de semana o segundo maior incêndio florestal da história do estado da Califórnia, segundo as autoridades locais. Já na região de Iacútia, no norte da Sibéria, as chamas se agravaram hoje e a fumaça chegou ao Polo Norte, segundo a Nasa, a agência espacial americana. Também nesta segunda-feira, autoridades começaram a avaliar o estrago causado pelos incêndios na Grécia, principalmente na ilha de Eubeia, a leste de Atenas.
GNA emite R$ 1,8 bilhão em debêntures para refinamento de termelétrica
A Gás Natural Açu (GNA), joint-venture formada pela Prumo, BP, Siemens e SPIC Brasil, anunciou a emissão de R$ 1,8 bilhão em debêntures de infraestrutura. O montante será destinado ao refinanciamento da usina termelétrica GNA I, localizada em São João da Barra (RJ). A operação foi realizada em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que atuou como investidor e estruturador do projeto. A emissão conta ainda com participação dos bancos BTG Pactual, BNP Paribas, Bradesco e ABC Brasil.
A UTE GNA I começou a ser construída em abril de 2018 e possui capacidade para gerar 1,3 GW. A usina será abastecida com gás natural liquefeito (GNL) importado, oriundo do terminal existente no Por do Açu, com capacidade para 21 milhões de m³/dia. Toda energia gerada pelo empreendimento será direcionada ao Sistema Integrado Nacional (SIN). As informações são do portal Energia Hoje.
PANORAMA DA MÍDIA
O presidente Jair Bolsonaro entregou na manhã desta segunda-feira (09/08) ao Congresso, a medida provisória (MP) que cria o Auxílio Brasil, programa que substituirá o Bolsa Família. O texto foi entregue pessoalmente por Bolsonaro ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). (Folha de S. Paulo)
O novo programa Bolsa Família, batizado de Auxílio Brasil pelo governo Jair Bolsonaro, é composto por três modalidades principais no benefício básico – para primeira infância, composição familiar e superação da extrema pobreza – e seis auxílios acessórios, que podem se somar ao benefício básico. Nenhum deles ainda teve o valor definido. (O Estado de S. Paulo)